O Brasil será o primeiro país estrangeiro a testar a vacina desenvolvida pela Universidade de Oxford do Reino Unido contra o novo coronavírus. Ao todo, 2 mil brasileiros vão participar dos testes, que serão realizados com o apoio do Ministério da Saúde. Os voluntários ainda serão recrutados e os testes deverão começar na semana de 15 de junho.
A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) publicou na noite da última terça-feira (2), a autorização para a realização do estudo clínico no país.
A vacina se baseia em um adenovírus de chimpanzés contendo a proteína spike, usada pelo coronav, em células humanas. A ideia é testar prioritariamente voluntários que estejam na linha de frente do combate a COVID-19, ou seja, estão mais expostos a uma contaminação pelo novo vírus.
Em São Paulo, o Centro de Referência para Imunobiológicos Especiais (CRIE) da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) conduzirá os testes. Para isso, a Unifesp busca mil voluntários, seguindo as regras do estudo e que não podem ter contraído a doença anteriormente.
Segundo a Anvisa, já foram feitos estudos iniciais em animais e humanos para avaliar a segurança da vacina na Inglaterra. Os resultados mostraram que o perfil de segurança do medicamento foi aceitável. A nova etapa de testes pretende determinar a segurança, eficácia e a imunogenicidade da vacina.
A agência diz que o pedido de autorização no país de testes de fórmula, denominado oficialmente “ChAdOx1 nCoV-19”, foi da empresa Astrazeneca do Brasil Ltda. Um estudo randomizado avaliará a segurança e a eficácia do imunizador. A Anvisa ainda afirmou que os ensaios clínicos em humanos serão conduzidos sob uma chancela britânica.
No Reino Unido, a próxima fase envolverá cerca de 5 mil voluntários saudáveis, já selecionados, e a mesma quantidade em território brasileiro. Isso porque, devido à menor circulação do vírus na Europa, o ato se torna mais difícil para avaliação da eficácia da imunização. A primeira fase de testes clínicos da vacina, iniciada em abril, envolveu cerca de mil adultos entre 18 e 55 anos.
De acordo com Adrian Hill, diretor do Jenner Institute de Oxford, os testes têm apenas 50% de chance de sucesso em humanos. O médico, que se associou à farmacêutica AstraZeneca para desenvolver a vacina, disse que os resultados da fase atual, envolvendo milhares de voluntários, podem não garantir que a imunização seja eficaz e pede cautela.
No fim de maio, a multinacional disse ter obtido um financiamento de US$ 1 bilhão do governo dos Estados Unidos para a vacina, e que já tem acordos que garantem a produção de pelo menos 400 milhões de doses, com os primeiros lotes previstos para setembro, caso os testes obtenham resultados positivos.
Vale relembrar que outros países também buscam a autorização para testar a vacina. Por ser um dos países com mais casos no mundo, o Brasil ganhou a vantagem.
A realização dos testes em território brasileiro são essenciais para o registro da vacina no Reino Unido. No entanto, o registro formal só deve acontecer após a conclusão dos estudos realizados em todos os países participantes.
Outras vacinas
O relatório publicado no site da Organização Mundial de Saúde (OMS) mostra que estão em desenvolvimento pelo menos 133 estudos de vacina, sendo que 10 delas estão na fase clínica, ou seja, sendo testadas em humanos. Apesar disso, muitos especialistas acreditam que a vacina não estará disponível em 2020. Projeções otimistas falam num prazo de 12 a 18 meses, que já seria recorde. A vacina mais rápida já criada, a da caxumba, levou pelo menos quatro anos para ficar pronta.
*Estagiária sob supervisão da editora Liliane Corrêa
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