O governo federal estuda prorrogar o auxílio emergencial por mais dois meses, só que reduzindo o valor mensal do benefício de R$ 600 para R$ 300. O valor, contudo, precisa ser aprovado pelo Congresso Nacional, que já mostrou resistência à proposta do Executivo de diminuir a quantia do auxílio que tem ajudado os trabalhadores informais na pandemia do novo coronavírus.
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Sílvio Santos teve o nome cadastrado no auxílio emergencial, diz colunistaApós ser hackeado, Luciano Hang, da Havan, teve auxílio de R$ 600 aprovado pela CaixaSaúde republica portaria que libera 2ª parcela de auxílio às santas casasSenado aprova uso obrigatório de máscara em todo o país; texto volta para CâmaraO presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), por exemplo, disse nesta quinta-feira (04/06) que vê um risco na redução desse valor. Já o ministro da Economia, Paulo Guedes, entende que o benefício deve ser prorrogado por mais "um ou dois meses", mas em um formato diferente, mais parecido com o Bolsa Família. Ou seja, que o benefício caia de R$ 600 para R$ 200 - valor que, segundo a equipe econômica, reduziria de R$ 50 bilhões para R$ 17 bilhões o custo mensal do auxílio emergencial.
O presidente Jair Bolsonaro, por sua vez, concordou com Guedes em reduzir o valor atual do benefício, mas sugeriu que as próximas parcelas poderiam ser um pouco maiores do que a proposta do seu Posto Ipiranga. Bolsonaro indicou que R$ 200 pode ser muito pouco. Por isso, sugeriu inicialmente que a quarta parcela fosse de R$ 400 ou R$ 300 e a quinta de R$ 300 ou R$ 200. O governo passou a estudar, então, essa proposta intermediária de pagar R$ 300 por mais dois meses.
Só o que parece estar certo, portanto, é que essa prorrogação não será permanente, já que este é um programa caro demais para o governo. Como vem dizendo a equipe econômica, o auxílio emergencial de R$ 600 custa mais de R$ 50 bilhões por mês. O orçamento é mais que o dobro do custo anual do Bolsa Família e representa o item mais caro do programa de governo de enfrentamento ao coronavírus. Por isso, a ideia da prorrogação é apenas fazer com que o auxílio emergencial não acabe de forma abrupta já a partir do próximo mês, quando muitos trabalhadores ainda estarão tentando sair da crise do coronavírus. Como disse Bolsonaro, a ideia é ajudar a "economia a pegar" depois da quarentena.
Essa proposta, contudo, vai precisar passar pelo Congresso. Afinal, a lei que instituiu o auxílio emergencial foi aprovada e até aperfeiçoada pelos parlamentares. E essa lei só permite o pagamento do benefício por três meses, no valor de R$ 600.
Fechar os moldes dessa prorrogação e negociá-la com o Congresso não é, contudo, o único desafio do Executivo em relação ao auxílio emergencial. O governo também tem sido criticado pelas fraudes que vêm sendo identificadas pelo Tribunal de Contas da União e pela Controladoria-Geral da União (CGU) no pagamento do benefício. E ainda precisa definir o calendário de pagamento da terceira parcela dos R$ 600 para mais de 50 milhões de brasileiros além de concluir a análise cadastral de mais 11 milhões de pessoas que pediram o benefício, mas ainda não receberam nenhuma ajuda do governo durante a pandemia.