A noção de antes e depois nunca foi tão aplicável. Pode ser considerada quando vivemos momentos que são verdadeiros divisores de águas. É o que acontece em relação à pandemia do coronavírus. Quando tudo acabar, nada voltará tanto ao normal assim, pelo menos sobre o que o homem conhecia por normal. Grandes problemas na saúde, ruptura econômica e social - são aspectos marcados por mudanças que impactarão definitivamente o cotidiano. É um tempo histórico.
Pesquisa publicada pela agência Marco, por exemplo, revela que 42% dos brasileiros devem evitar beijos e abraços mesmo após o isolamento. Em outros países, essa deve ser a atitude adotada por 61% dos entrevistados no estudo, chamado Hábitos de Consumo Pós-COVID-19. Com foco nos costumes sociais, foram ouvidas 4,5 mil pessoas no Brasil, Espanha, Itália, Portugal, México e Colômbia.
"A sociedade pós-COVID-19 se comportará de forma diferente depois que superarmos a redução do confinamento. Hábitos tão comuns como beijos e abraços serão repensados por muitos, exceto em ambientes totalmente seguros. É claro que a sociedade e os negócios estão se adaptando à mudança forçada para essa nova realidade. Por outro lado, práticas como a conscientização ambiental e a aplicação ideal do home office são algumas das lições que esta crise está nos deixando". É o que afirma Didier Lagae, CEO e fundador da Marco e Profissional Global e Europeu de Relações Públicas de 2019.
Entre outras características, o ambiente profissional também será ressignificado, assim como serão novas as elaborações sobre a importância da preservação do meio ambiente, cuidados com a saúde e higiene. Entre os segmentos que conseguem reagir melhor aos efeitos da pandemia, a situação é menos grave para quem pôde adequar seus serviços ao homeoffice e ao e-commerce.
Em tempo recorde, empresas e residências se transformaram, muitas vezes com resultados positivos para os trabalhadores. Nesse ponto, o estudo aferiu que 72% dos brasileiros gostariam de trabalhar à distância mais frequentemente daqui para frente. Uma postura que encontra reflexos em espectro global. A opinião é compartilhada por 73% dos participantes da pesquisa em todos os países ouvidos. Na outra ponta, há quem prefira o trabalho cara a cara. Mais da metade dos brasileiros (56%) que estão em homeoffice sentem falta do vida social no ambiente laboral.
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Pesquisa para medir imunização a coronavírus é lançada na ItáliaCoronavírus: Saúde anuncia R$ 1,2 bi para ampliar atendimento em favelasBrasil ultrapassa as 30 mil mortes pelo novo coronavírusDomésticas são submetidas a condições degradantes na casa de empregadoresEm todo canto, cidadãos parecem entender melhor o impacto de suas ações para o meio ambiente. Em âmbito mundial, cerca de 3 a cada 4 entrevistados no levantamento dizem valorizar agora mais a luta contra as mudanças climáticas, diferente do que acontecia antes da crise - um número que chega a 73,5% do público ouvido. No Brasil, quanto a esse aspecto, o índice de 79% é o maior entre os países analisados.
Em relação aos modos de transporte, inclusive, mesmo com a volta ao trabalho, a forma como muitos se locomovem pode mudar. Entre os brasileiros, 45% dizem que evitarão usar o transporte público sempre que possível. Este é o nível mais baixo dentre as nações entrevistadas, com percentual médio de 58% nesse quesito.
O êxito do movimento #FiqueEmCasa é tido como fruto de um processo intenso de conscientização global, outro dado em destaque no relatório. O Brasil é o único país em que a maioria dos entrevistados (63%) considera que a atuação dos influenciadores digitais foi significativo para que as pessoas seguissem a orientação de ficar confinadas. Na média mundial, 61% acreditam que as celebridades da internet não tiveram protagonismo na campanha.