A primeira-dama de Tamandaré, Sarí Côrte Real, aguarda ser chamada novamente pela polícia para prestar depoimento. Na terça-feira passada (2), quando foi autuada em flagrante pelo homicídio culposo do menino Miguel Otávio, ela ficou em silêncio na Delegacia Seccional de Santo Amaro, na área central do Recife.
As informações são do advogado Pedro Avelino, responsável pela defesa de Sarí desde a última quinta (4). “Em um primeiro momento, ela estava profundamente abalada e surpresa, porque não esperava ser conduzida em uma viatura policial e ser presa em flagrante. Ela recebeu o telefonema de um outro advogado, que a orientou a ficar em silêncio”, comenta.
“Ela continua profundamente abalada, profundamente solidária à dor de dona Mirtes pela perda irreparável. E aguarda ser intimada para ser ouvida formalmente na delegacia, para dar sua versão dos fatos”, acrescenta o advogado.
Por enquanto, ainda não há uma data prevista para Sarí depor oficialmente. Pedro aguarda a conclusão do inquérito policial, mas adianta: “O que vamos evidenciar é que não houve previsibilidade do resultado por parte dela.”
O inquérito da morte do menino Miguel é conduzido, desde o primeiro momento, pelo delegado Ramon Teixeira, titular da delegacia de Santo Amaro. A reportagem o procurou para saber mais informações e se há uma previsão para colher o depoimento e aguarda um retorno.
Caso Miguel
O menino Miguel Otávio era filho de Mirtes. Morreu na última terça-feira (2), quando despencou de uma altura de aproximadamente 35 metros, no nono andar do edifício Píer Maurício de Nassau, conhecido como Torres Gêmeas e localizado no Bairro de São José, área central do Recife. Ele havia sido deixado aos cuidados de Sarí Côrte Real, empregadora de sua mãe, Mirtes, que teve que ir passear com os animais de estimação da patroa.
Chorando e procurando pela mãe, Miguel entrou no elevador do edifício duas vezes para buscá-la. Ele chegou a ser impedido pela primeira vez por Sarí, mas conseguiu se desvencilhar na segunda tentativa. Em vídeos de câmeras de segurança, a mulher aparece apertando botões e deixando o menino sozinho, no elevador.
Como Sarí estava com a "guarda momentânea da criança", ela foi parcialmente culpada pelo acidente, caso previsto no Art. 13 do Código penal, que trata de ação culposa, por causa do não cumprimento da obrigação de cuidado, vigilância ou proteção. Após ser presa em flagrante, pagou uma fiança de R$ 20 mil e foi liberada. Ela está sendo investigada por homicídio culposo, onde não caberia intenção de causar a morte da vítima.