Nem só de notícias ruins vivemos na pandemia. Na medida dos problemas que crescem com o coronavírus, também surgem diferentes alternativas na busca por melhores formas de prevenção e enfrentamento. É o caso do projeto para respirador de baixo custo assinado pelo Instituto Federal do Paraná (IFPR), que acaba de receber apoio da fintech Zetra (o termo fintech diz respeito a atuação em serviços financeiros e tecnológicos). A tecnologia do protótipo de ventilador pulmonar IFPR foi uma das vencedoras de desafio internacional com 2.639 participantes, representando 94 países. Desenvolvida pela equipe do campus Curitiba, será aplicada em hospitais públicos e privados no atendimento a pacientes gravemente afetados pela infecção.
O ventilador pulmonar é um dos equipamentos com menor disponibilidade durante a crise de saúde. O aparelho da IFPR, idealizado pelos professores da instituição, Carlos Eduardo Araújo, PhD em eletrônica, e Rogerio Gomes, professor de mecânica, foi um dos três ganhadores do Code Life Ventilator Challenge. O desafio internacional convidou os especialistas a projetar um ventilador/respirador mecânico de baixo custo, simples, fácil de usar e de montar em apenas duas semanas. Um pedido ao qual o equipamento brasileiro responde à altura.
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COVID-19: Respiradores consertados pela FCA são enviados a 20 cidadesCâmara aprova projeto que flexibiliza regras para fabricação de respiradoresZema disponibiliza 10 respiradores recuperados a Teófilo OtoniApós ser apresentada à tecnologia, uma junta médica canadense testou e avaliou o aparato e salientou sua qualidade e precisão. Como novo braço de apoio, a Zetra está empenhada em contribuir para sanar dificuldades na aquisição desses aparelhos no mundo todo. Para Fábio Augusto, gerente de comunicação da Zetra, atuar com responsabilidade social é promover ações que cuidam do bem-estar de toda a sociedade. "Por isso, com a pandemia que enfrentamos, achamos o projeto tecnológico muito relevante neste momento. Temos a certeza que ao unir forças vamos vencer esta batalha", diz.
A escassez de ventiladores pulmonares nas Unidades de Terapia Intensiva (UTIs), um equipamento chave no enfrentamento da doença em pacientes mais graves, é um quadro que preocupa em muitas cidades brasileiras. Cerca de 10% dos acometidos gravemente pela COVID-19 necessitam dos respiradores. Mas há falta desses equipamentos e componentes para montagem de aparelhos desse porte no mercado nacional. Governos têm recorrido à importação do produto mas, mesmo assim, continuam enfrentando complicações para adquiri-los por conta da carência também no mercado internacional. Um cenário dificultado ainda mais pelos preços assustadores dos ventiladores.
"Para que ele seja apresentado para testes de homologação na Anvisa é preciso ter o acabamento adequado que atenda aos parâmetros técnicos mínimos de UTIs. Nesse momento, o apoio da Zetra é fundamental para o cumprimento dessa etapa de acabamento. Assim, construção de gabinetes e desenvolvimento das peças em impressora 3D aconteceriam nos próximos 15 dias", estima Rogerio Gomes.