Jornal Estado de Minas

CONFUSÃO

Grupo faz tumulto em alas de pacientes com coronavírus em hospital público do Rio

Guardas Municipais e vigilantes tiveram que ser acionados para conter um tumulto, na tarde desta sexta-feira, no Hospital Municipal Ronaldo Gazolla, no Rio de Janeiro. De acordo com a Secretaria Municipal de Saúde, cinco pessoas ficaram desesperadas ao receberem a notícia da morte de uma paciente por coronavírus e provocaram uma confusão em alas restritas a médicos e pacientes.



Ao jornal O Globo, profissionais de saúde que trabalham no Ronaldo Gazolla relataram que uma das pessoas teria chutado portas, derrubado computadores e tentado entrar em leitos de pacientes internados para verificar se os lugares estavam vagos. A ação acontece um dia depois de o presidente Jair Bolsonaro recomendar aos seus apoiadores que ‘arrumassem um jeito de entrar e filmar’ hospitais públicos, com intuito de verificar se leitos estavam ou não vazios.

A Secretaria Municipal de Saúde do Rio informou que as pessoas envolvidas na confusão são parentes de uma senhora de 56 anos, que faleceu nesta manhã na unidade por complicações causadas pela COVID-19. Ainda de acordo com a pasta, o grupo entrou alterado no Ronaldo Gazolla, quebrando uma placa de sinalização e batendo uma porta. Com isso, a Guarda Municipal e vigilantes do hospital foram acionados para conter o tumulto. 

Uma mulher, que também era parente da paciente, precisou ser medicada para se acalmar. Além das forças de segurança, uma equipe assistencial auxiliou para o fim da confusão.

Fortaleza também registra confusão

Também nesta sexta, um grupo de vereadores tentou forçar a entrada em um hospital de campanha instalado em Fortaleza. A unidade de saúde foi montada no estádio Presidente Vargas.


A polícia teve que ser chamada para controlar o tumulto. Os vereadores foram barrados no portão, uma vez que não tinham permissão para entrar.

Recomendação de Bolsonaro


Durante transmissão ao vivo nessa quinta, Bolsonaro recomendou aos seus apoiadores que ‘arrumassem um jeito de entrar e filmar’ hospitais públicos e de campanha para produzir ‘provas’ que serão, de acordo com o presidente, encaminhadas à Polícia Federal. A intenção é saber sobre a ocupação de leitos destinados a pacientes com coronavírus.

“Tem hospitais de campanha perto de você, tem um hospital público, né? Arranja uma maneira de entrar e filmar. Muita gente vem fazendo isso, mas mais gente tem que fazer para mostrar se os leitos estão ocupados, ou não. Se os gastos são compatíveis, ou não. Isso nos ajuda. Tudo o que chega para mim nas mídias sociais, fazemos um filtro e encaminho para a Polícia Federal ou para a Abin, e lá eles veem o que fazem com os dados. Não posso prevaricar. O que chega ao meu conhecimento, passo para frente para diligência deles para análise e processo investigatório, ou não”, afirmou.

Na mesma transmissão, Bolsonaro também afirmou que alguns governadores estariam atribuindo mortes por outros motivos como coronavírus. A intenção dos gestores, segundo o presidente, é ter ‘ganho político’ em cima dos óbitos por COVID-19 para ‘culpar o governo federal’.