Jornal Estado de Minas

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MPF quer explicações do Ministério da Saúde sobre remoção de alerta contra falsa cura da COVID-19 por feijão

Grande aliado do presidente Jair Bolsonaro (sem partido), o pastor já tinha participado de uma transmissão ao vivo do presidente no dia 12 de julho do ano passado. (foto: Reprodução/Agência Brasil)
O Ministério Público Federal (MPF) requisitou nesta segunda-feira (15) informações ao Ministério da Saúde sobre a remoção de uma página do site oficial da pasta que alertava para a falsa cura do novo coronavírus por meio do cultivo de feijões. O aviso havia sido fixado no site depois que o pastor Valdemiro Santiago Oliveira, da Igreja Mundial do Poder de Deus, viralizou nas redes sociais oferecendo a cura. Mas, nesta segunda, o conteúdo foi retirado da página do Ministério da Saúde.



 

O aviso de que não há possibilidade de cura da COVID-19 por feijão também foi removido da lista de alertas contra fake news sobre o novo coronavírus que consta no site do Ministério da Saúde
 
Quem tenta acessar o link original da publicação sobre os feijões se depara com uma mensagem de erro. “Pedimos desculpas pelo inconveniente, mas a página que você estava tentando acessar não existe neste endereço”, diz o texto.

Porém, o conteúdo da publicação que desmente o que foi falado pelo pastor Valdemiro Santiago ainda pode ser visualizado a partir de pesquisa no Google, por meio do acesso “em cache”.


Prazo para explicações

No novo pedido encaminhado ao Ministério da Saúde, a Procuradoria Regional dos Direitos do Cidadão (órgão do MPF em São Paulo) fixa o prazo de 10 dias para que a pasta informe os motivos da remoção do alerta e se essa decisão será mantida.


Após a resposta, o Ministério Público avaliará a necessidade de instauração de inquérito para apurar eventuais responsabilidades pela exclusão do conteúdo.

 
Entenda o caso 

Em vídeo publicado no Youtube, já excluído pela plataforma também a pedido do MPF, o pastor Valdemiro Santiago Oliveira, da Igreja Mundial do Poder de Deus, incita os fiéis a plantarem as sementes de feijão, vendidas pela própria igreja por R$ 100, R$ 500 e R$ 1 mil. De acordo com o líder religioso, as sementes teriam a cura para o novo coronavírus.



Em maio, a Procuradoria Federal acionou o MP de São Paulo pedindo abertura de investigação sobre suposto crime de estelionato do pastor. De acordo com o documento, o pastor era culpado pelo “uso de influência religiosa e da mística da religião para obter vantagem pessoal”.

Aliado do presidente Jair Bolsonaro (sem partido), o pastor Valdemiro Santiago participou de uma transmissão ao vivo do presidente em 12 de julho do ano passado. No mesmo dia, o líder religioso entregou ofício ao Itamaraty pedindo passaporte diplomático – no que foi atendido quase um mês depois, com o documento sendo entregue também à mulher dele, Franciléia de Castro Gomes de Oliveira.
 
 *Estagiária sob supervisão da subeditora Kelen Cristina