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Estado de Minas IGREJA MUNDIAL DO PODER DE DEUS

MPF quer explicações do Ministério da Saúde sobre remoção de alerta contra falsa cura da COVID-19 por feijão

Além da exclusão da página, o aviso foi removido da lista de alertas contra diversas fake news


postado em 15/06/2020 15:41 / atualizado em 15/06/2020 16:45

Em um vídeo publicado no Youtube, já excluído pela plataforma também a pedido do MPF, o pastor Valdemiro Santiago Oliveira, da Igreja Mundial do Poder de Deus, incita seus fiéis a plantarem as sementes, vendidas pela própria igreja por R$ 100, R$ 500 e R$ 1 mil(foto: Reprodução/Igreja Mundial do Poder de Deus)
Em um vídeo publicado no Youtube, já excluído pela plataforma também a pedido do MPF, o pastor Valdemiro Santiago Oliveira, da Igreja Mundial do Poder de Deus, incita seus fiéis a plantarem as sementes, vendidas pela própria igreja por R$ 100, R$ 500 e R$ 1 mil (foto: Reprodução/Igreja Mundial do Poder de Deus)
O Ministério Público Federal (MPF) requisitou nesta segunda-feira (15) informações ao Ministério da Saúde sobre a remoção de uma página do site oficial da pasta que alertava para a falsa cura do novo coronavírus por meio do cultivo de feijões. O aviso havia sido fixado no site depois que o pastor Valdemiro Santiago Oliveira, da Igreja Mundial do Poder de Deus, viralizou nas redes sociais oferecendo a cura. Mas, nesta segunda, o conteúdo foi retirado da página do Ministério da Saúde.


'MPF quer explicações do Ministério da Saúde sobre remoção de alerta contra falsa cura da COVID-19 com feijões. Aviso está fora do ar desde sexta; produtos foram postos à venda pelo pastor Valdemiro Santiago com promessa de efeito milagroso'

, afirmou a instituição via Twitter

 

O aviso de que não há possibilidade de cura da COVID-19 por feijão também foi removido da lista de alertas contra fake news sobre o novo coronavírus que consta no site do Ministério da Saúde
 
Quem tenta acessar o link original da publicação sobre os feijões se depara com uma mensagem de erro. “Pedimos desculpas pelo inconveniente, mas a página que você estava tentando acessar não existe neste endereço”, diz o texto.

Porém, o conteúdo da publicação que desmente o que foi falado pelo pastor Valdemiro Santiago ainda pode ser visualizado a partir de pesquisa no Google, por meio do acesso “em cache”.


Prazo para explicações

No novo pedido encaminhado ao Ministério da Saúde, a Procuradoria Regional dos Direitos do Cidadão (órgão do MPF em São Paulo) fixa o prazo de 10 dias para que a pasta informe os motivos da remoção do alerta e se essa decisão será mantida.

Após a resposta, o Ministério Público avaliará a necessidade de instauração de inquérito para apurar eventuais responsabilidades pela exclusão do conteúdo.

 
Entenda o caso 

Em vídeo publicado no Youtube, já excluído pela plataforma também a pedido do MPF, o pastor Valdemiro Santiago Oliveira, da Igreja Mundial do Poder de Deus, incita os fiéis a plantarem as sementes de feijão, vendidas pela própria igreja por R$ 100, R$ 500 e R$ 1 mil. De acordo com o líder religioso, as sementes teriam a cura para o novo coronavírus.

Grande aliado do presidente Jair Bolsonaro (sem partido), o pastor já tinha participado de uma transmissão ao vivo do presidente no dia 12 de julho do ano passado.(foto: Reprodução/Agência Brasil)
Grande aliado do presidente Jair Bolsonaro (sem partido), o pastor já tinha participado de uma transmissão ao vivo do presidente no dia 12 de julho do ano passado. (foto: Reprodução/Agência Brasil)


Em maio, a Procuradoria Federal acionou o MP de São Paulo pedindo abertura de investigação sobre suposto crime de estelionato do pastor. De acordo com o documento, o pastor era culpado pelo “uso de influência religiosa e da mística da religião para obter vantagem pessoal”.

Aliado do presidente Jair Bolsonaro (sem partido), o pastor Valdemiro Santiago participou de uma transmissão ao vivo do presidente em 12 de julho do ano passado. No mesmo dia, o líder religioso entregou ofício ao Itamaraty pedindo passaporte diplomático – no que foi atendido quase um mês depois, com o documento sendo entregue também à mulher dele, Franciléia de Castro Gomes de Oliveira.
 
 *Estagiária sob supervisão da subeditora Kelen Cristina
 


Líder da Igreja Mundial do Poder de Deus, o pastor Valdemiro Santiago afirma que a cura da COVID-19 pode ser obtida por meio de sementes. Gravada em vídeo, a promessa foi divulgada no YouTube. Para usufruir dos benefícios da planta, os fieis devem empenhar ao líder religioso o 'propósito R$ 1 mil'

Na gravação, Santiago não apresenta qualquer comprovação da eficácia da terapia no combate ao coronavírus que, segundo a Organização Mundial de Saúde, segue resistente aos remédios e vacinas disponíveis no mercado. 

O pastor sequer identifica qual é a semente a que atribui os poderes curativos. Milagrosa, após o plantio, ela faria brotar a mensagem "sê tu uma bênção"

(foto: Igreja Mundial do Poder de Deus/Divulgação)
(foto: Igreja Mundial do Poder de Deus/Divulgação)

O que Valdemiro chama de prova da efetividade do vegetal é um suposto exame de uma pessoa que teria chegado a apresentar um quadro terminal, "gravíssimo", apos contrair o vírus. Graças ao produto, que ele não explica como age no organismo, ou como deve ser utilizado, o paciente, agora, estaria recuperado. 

"Tá ali o exame, para quem quiser. Você vê como a semente é semeadora. E aí sim conseguiu vencer a crise e a epidemia. Só tem um jeito de se vencer essas fases difíceis. É semeando, e semeando na obra de Deus. Essa semente é interessante. É a semente 'sê tu uma bênção'. Você vai semear essa semente e na planta que nascer vai estar escrito 'Sê tu uma benção'.", promete.

O unguento está à venda no site e nas centrais telefônicas da Igreja Mundial. O valor inicial cobrado pelo líder é de R$ 1 mil, mas quantias menores também são aceitas, conforme a capacidade da "semeadeira" do fiel. 

Em 24 de abril, a instituição anunciou a reabertura de seus templos mediante reserva de horários pela internet. A medida ignora as políticas de isolamento social adotadas no país, que se aproxima da marca de 9 mil mortes causadas pelo novo coronavírus. 


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