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Estado de Minas EM LIVE

Mandetta chama defesa de Bolsonaro da cloroquina de 'crime'

Ex-ministro da Saúde comparou a interferência do presidente na pasta à suposta tentativa de interferência na Polícia Federal


postado em 24/06/2020 17:08 / atualizado em 25/06/2020 16:09

(foto: Reprodução Youtube/Seguros Unimed)
(foto: Reprodução Youtube/Seguros Unimed)
Em transmissão ao vivo nesta quarta-feira (24), o ex-ministro da Saúde Luiz Henrique Mandetta chamou de interferência na saúde a defesa do presidente Jair Bolsonaro do uso da cloroquina para tratamento de COVID-19, o que seria um crime durante uma pandemia.

O médico comparou a insistência do presidente no medicamento à suposta tentativa de interferência na Polícia Federal, com a nomeação do diretor-geral da corporação. O ex-ministro participou da live “Cenários e perspectivas para a retomada”, organizada pela Unimed Seguros, ao lado do ex-ministro da Fazenda Eduardo Guardia e do cientista político Fernando Schuler. 

 

Veja a live completa:

 

 

 

“Eu achei interessante. Tiraram ministro da saúde, depois tiraram outro ministro da saúde. O presidente quis um medicamento, ele prescrevendo um medicamento. Aí todo mundo parou e falou: ‘ele estava tendo interferência na nomeação da Polícia Federal. Olha isso é um crime’. Crime é ter interferência, no meio de uma pandemia, na saúde. Vamos ter que ter autonomia do sistema de saúde para ganhar um pouco mais de credibilidade”, afirmou Mandetta, descontraído. 

 

O ex-ministro também afirmou que a cloroquina foi politizada durante a crise do coronavírus, tanto por Bolsonaro como pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump. “O presidente politizou não como proposta de saúde, mas como saída para a economia. Eu não torço para ninguém, torço pela ciência. Se comprovar a eficácia, que ela seja utilizada, se não, descartada. Tudo tem quer submetido à crítica”, argumentou Mandetta. 

 

Mandetta voltou a dizer que a discussão entre preservar a economia e a saúde das pessoas durante a crise é um “falso dilema”, e defendeu que o isolamento ajuda na recuperação econômica. 

 

Não existe na história da humanidade nenhuma epidemia que terminou com a economia forte. Nenhum povo que negligenciou vida sair mais rápido do que aquele que preservou vida. Não existe, na história das epidemias, sequer a menção de fazer essa escolha: de vamos sacrificar os mais doentes para que possamos ter um povo imunizado mais rapidamente para que possamos sair desse quadro. Isso não está sobre a mesa

Luiz Henrique Mandetta, ex-ministro da Saúde

 

 

Durante o debate, o ex-ministro da Saúde reafirmou a previsão feita por ele em março, de que o país enfrentaria 20 semanas, ou cinco meses, “muito duras”. Com isso, Mandetta projeta que a epidemia no Brasil se estabilize em agosto. Ele apontou que não é possível falar em alta ou estabilidade da situação em todo o país no momento, já que cada região vive um momento diferente da crise. 

 

Mandetta defendeu a comunicação do Ministério da Saúde com a população durante sua gestão. “A primeira linha de defesa para pandemias é a ação pessoal. Diariamente no mesmo horário, tínhamos os boletins, onde optamos por transparência total de dados e mostrar nossas dificuldades. Para que a sociedade protegesse o sistema de saúde. A comunicação com a população brasileira foi do fundo do coração. Acho que pude fazer um pouco do que a agente faz no corpo individual, com esse paciente chamado Brasil”, disse.

 

Previsões

 

Na avaliação do ex-ministro, o Sistema Único de Saúde (SUS) deve ser o “grande vencedor da pandemia”, e deve sair da crise mais respeitado. Mandetta afirmou que o sistema é referência no mundo em acesso universal da saúde, e que o Brasil terá ganhos históricos para ser orgulhar nesse século. Porém, advertiu que o país é mal-visto na área da saúde, e é preciso ocupar as mesas de discussão sobre um novo regulamento sanitário internacional, motivado pelo coronavírus. 

 

Nas considerações finais, Mandetta fez previsões para o Brasil do pós-coronavírus. “Depois disso, o empreendedorismo vai crescer, as pessoas desempregadas vão investir. Vão surgir muitas pequenas empresas. Devemos ter um baby boom, depois dessas depressões o pessoal faz filho”, comentou. 

 

O ex-ministro também falou sobre as próximas eleições, e argumentou contra a polarização que marca a política no Brasil. “Vamos ver se em 2022 a gente faz um debate e sai dessa polarização, essa coisa de PT de um lado, Bolsonaro, Lula. Isso aí está levando a gente para o buraco. O caminho é o centro democrático. Que neste ano a gente faça um debate nas eleições municipais preparatório para 2022”, afirmou. 

 

*Estagiário sob supervisão da editora-assistente Vera Schmitz


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