Um servidor do Ministério das Relações Exteriores é acusado de ter ateado fogo em uma transexual. O caso ocorreu em 12 de junho, na Asa Norte, mas só veio à tona após mulheres transgêneros promoverem um protesto nesta quinta-feira (25/6), em frente ao Complexo da Polícia Civil, para pedir respeito nos atendimentos. A mulher, que trabalha como prostituta, teria decidido ir embora, mas o cliente, identificado como Anderson Felype de Souza Caxeta, jogou álcool em gel nas costas dela e ateou fogo.
Como conta no boletim de ocorrência registrado na 5ª Delegacia de Polícia (Área Central), a vítima relatou que foi contratada pelo homem na madrugada do dia 12 de junho, para acompanhá-lo no uso de drogas e ingerir bebidas alcoólicas. A transexual chegou por volta das 3h da madrugada com uma amiga. A colega, no entanto, teria sido hostilizada pelo servidor e decidiu ir embora.
Ainda de acordo com o boletim, Anderson passou a agredi-la e a segurou pelos braços, jogou álcool e ateou fogo nas costas da vítima. O acusado teria se arrependido em seguida e tentou apagar as chamas. A mulher saiu do apartamento correndo e desceu do prédio. Na saída, ela se deparou com uma moradora, que acionou o Corpo de Bombeiros. A vítima recebeu atendimento médico no Hospital Regional da Asa Norte (Hran).
O servidor foi liberado da delegacia após assumir o compromisso de comparecer em juízo. A vítima foi encaminhada ao Instituto de Medicina Legal (IML).
Manifesto
Nesta quinta-feira, coletivos de mulheres transgênero do Distrito Federal se reuniram em frente ao Complexo da Polícia Civil para pedir respeito durante os atendimentos.
O grupo entregou uma carta ao diretor-geral da PCDF, Robson Cândido da Silva, com todas as solicitações. Entre elas, está o pedido de que todos os homicídios e tentativas de homicídio de mulheres trans e travestis sejam inicialmente considerados como feminicídio ou tentativa de feminicídio, o que já acontece no caso de mulheres cisgênero, isto é, que se identificam com o gênero com o qual nasceram.
Também é solicitado que casos de violência cometidos no âmbito familiar sejam tipificados pela lei Maria da Penha e que os servidores das Delegacias Especializadas no Atendimento à Mulher (Deam) sejam capacitados para o atendimento às mulheres trans e travestis também.
Durante a reunião, o diretor-geral da PCDF analisou os pedidos, se comprometeu a criar um grupo de trabalho para avançar nas propostas apresentadas e convidou as ativistas do movimento de pessoas trans e travestis do DF e Entorno para participarem.