A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) alertou, nesta quinta-feira, sobre os riscos do uso de medicamentos que contêm ivermectina para o tratamento da covid-19. Segundo o órgão, não há nenhuma comprovação científica de que a ivermectina seja eficaz contra o novo coronavírus.
A Anvisa ressalta, porém, que há comprovações se sobra sobre os efeitos colaterais e os riscos à saúde decorrentes do uso do medicamento sem prescrição médica. “No caso da ivermectina, os principais problemas (eventos adversos) são: diarreia e náusea, astenia, dor abdominal, anorexia, constipação e vômitos; em relação ao sistema nervoso central, podem ocorrer tontura, sonolência, vertigem e tremor. As reações epidérmicas incluem prurido, erupções e urticária”, frisa, em nota.
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No entender do órgão de fiscalização sanitária, é importante ressaltar que, até o momento, não existem medicamentos aprovados para prevenção ou tratamento da covid-19 no Brasil. “Os medicamentos atualmente aprovados são utilizados para tratamento dos principais sintomas da doença, como antitérmicos e analgésicos. Para casos em que há infecções associadas, recomenda-se usar agentes antimicrobianos (antibióticos)”, esclarece.
Ivermectina é antiparasitário
A Anvisa ressalta que a ivermectina é um agente antiparasitário aprovado em 1999, que, nos últimos anos, demonstrou ter atividade antiviral in vitro contra uma ampla gama de vírus. Lembra que, até o momento, existem 26 estudos clínicos propostos para avaliar a eficácia desse produto, tanto com propostas de atuação na prevenção quanto no tratamento da covid-19.
“Mas não existem, ainda, resultados conclusivos sobre a eficácia da ivermectina no combate à covid-19. Também não existem dados que indiquem qual seria a dose, posologia ou duração de uso adequada para impedir a contaminação ou reduzir a chance de gravidade da doença”. Mais: os resultados encontrados in vitro não podem ser tomados como verdadeiros in vivo.
No Brasil, ressalta a Anvisa, apenas um estudo foi localizado, realizado pela Universidade Federal de São Carlos (UFSCar), com previsão para conclusão em julho de 2021. “Trata-se de um estudo acadêmico, que não passou pelo procedimento de anuência da agência”, informa.
Segundo a Anvisa, em regra, para que novas indicações terapêuticas sejam incluídas nas bulas dos medicamentos, é necessária a demonstração de segurança e eficácia por meio de estudos clínicos com número representativo de participantes. “No caso da ivermectina, contudo, os estudos disponíveis acerca da sua eficácia no tratamento da Covid-19 ainda não são conclusivos.”
A ivermectina é indicada para o tratamento de várias condições causadas por vermes ou parasitas.