Mesmo com a suposta estabilização de mortes por COVID-19 no Brasil, com médias acima de mil óbitos diários, o país é a nação que mais mata pela doença há sete dias. Ontem, não foi diferente. Com acréscimo de 1.220, o total de vidas perdidas chega a 69.184. Pelas previsões, o Brasil deve ultrapassar, hoje, a marca de 70 mil brasileiros mortos pela pandemia. Além disso, pelo terceiro dia consecutivo, o país registrou mais de 40 mil casos e totaliza 1.755.779 infectados. O número reflete diretamente na ocupação dos leitos de unidades de terapia intensiva (UTIs) pelo país, muitos, à beira de um colapso.
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Ainda fechado, hospital de campanha de BH vira caso de políciaExpominas: concessionária critica governo de Minas por retomada do espaçoRetomada do Expominas visa 'preservar interesse dos mineiros', diz secretário Otto LevyQuase 90% dos médicos acreditam que Brasil pode passar por segunda onda do coronavírusEstudos clandestinos: polícia investiga se cobras achadas no DF são da Amazônia e do exteriorVeja os resultados da Quina e da Timemania, sorteados nesta quintaCoronavírus: sem evidência, governo relaciona cloroquina a contágio menorCom o movimento do novo coronavírus para o Centro-Sul do país, cidades onde os índices de ocupação eram baixos até meados de maio, agora sentem o peso da pandemia. Mais 418 casos e dez mortes foram confirmadas ontem em Curitiba e, de um dia para o outro, o total de internados em UTI saltou de 142 para 185. Também no Sul, é crítica a situação de Florianópolis que, até ontem, tinha mais de 97% dos leitos de UTI adultos ocupados. Apesar da abertura de novos 570 leitos, o estado tem enfrentado a grande demanda em meio à queda das temperaturas. “Mesmo com o esforço constante do governo, a prevenção é, e continuará sendo, a melhor forma de combatermos esse vírus”, disse o governador Carlos Moisés.
Em Cuiabá, a situação é ainda mais crítica, já que os municípios do entorno da capital não conseguem atender à demanda de pacientes. Isso porque faltam leitos há mais de dez dias em todo o Mato Grosso. A fila de espera por uma vaga intensiva chegava a 100 pacientes e o estado vizinho, Mato Grosso do Sul, tem prestado auxílio às vítimas.
Belo Horizonte também preocupa. Na última atualização da Secretaria Municipal de Saúde, ontem, 340 dos 370 leitos de unidade de terapia intensiva para pacientes da COVID-19 estavam em uso na cidade, o que resulta na ocupação de 92%; restando apenas 30. Ao levar em conta a ocupação de todas as UTIs, inclusive àquelas destinadas a pacientes que não contraíram o vírus, a taxa ainda é alta: 86%. De acordo com boletim epidemiológico, 76% dos leitos clínicos específicos para pacientes infectados estão ocupados. Ontem, Minas Gerais bateu recorde ao confirmar mais 90 mortes em 24 horas. Até então, o maior número diário de óbitos era de 73, registrado no último sábado. O estado totaliza 1.445 vítimas do novo coronavírus e faz parte do grupo que já registrou mais de mil mortes pela doença.
Balanço
Metade das unidades federativas já atingiu essa marca. Além de Minas, São Paulo (17.118), Rio de Janeiro (11.115), Ceará (6.741), Pernambuco (5.409), Pará (5.196), Amazonas (2.985), Maranhão (2.357), Bahia (2.328), Espírito Santo (1.930), Rio Grande do Norte (1.345), Alagoas (1.230) e Paraíba (1.196) integram a lista. No Brasil, não há mais nenhum estado com menos de cem mortes. Somente seis estados têm menos de 500 óbitos: Amapá (467), Santa Catarina (447), Acre (411), Roraima (393), Tocantins (240) e Mato Grosso do Sul (136).
Em relação ao cenário mundial, apenas os Estados Unidos superam o total de confirmações e de fatalidades pelo novo coronavírus. Segundo levantamento da Universidade Johns Hopkins, 132.834 norte-americanos perderam a vida na pandemia e mais de 3 milhões foram infectados. A soma dos números brasileiros e dos EUA representa 40% do total de casos registrados em todo o mundo.
Pasta liga cloroquina contágio menor
Sem apresentar evidências, o Ministério da Saúde disse, ontem, que o uso precoce de medicamentos, especialmente a cloroquina e a hidroxicloroquina, fez a pandemia perder força em alguns locais do país. "Em algumas cidades e estados aplicou-se o tratamento medicamentoso precoce, justamente o que contribui para o decréscimo dessa curva pandêmica", disse o secretário executivo do ministério, Elcio Franco.
Secretário de Ciência, Tecnologia, Inovação e Insumos Estratégicos, Hélio Angotti Neto foi mais cauteloso. "Sim, há indícios, divulgados em vários lugares da internet, mas ainda não podemos afirmar de forma inequívoca que o uso de específico da cloroquina reduziu o número de casos graves no país."
Não há estudo científico que mostre benefício da cloroquina contra a COVID-19. O uso da droga tem sido defendido pelo presidente Jair Bolsonaro. Diagnosticado com a doença, ele diz estar tomando o remédio.