A Polícia Civil do Distrito Federal (PCDF) ouviu, nesta sexta-feira (10/7), o depoimento de três amigos de Pedro Henrique Santos Krambeck Lehmkul, de 22 anos, que foi picado por uma cobra naja na última terça-feira (7/7). Os investigadores buscam descobrir como Pedro teria conseguido contato com o animal, uma vez que ele não faz parte da fauna brasileira e não há registros da entrada do espécime no Brasil.
De acordo com o delegado da 14º DP (Gama), William Ricardo, o amigo de Pedro que mantinha a naja em casa não colaborou muito com os investigadore. No entanto, os outros dois foram mais receptivos. Os três também estudavam medicina veterinária.
A investigação também vai ouvir outros jovens que participam de um grupo de estudos de cerca de 40 pessoas. Dentro desse grupo, alguns estudantes passaram a comercializar os animais. “São animais muito raros e por isso de alto valor. Valem muito dinheiro”, diz William. A suspeita maior é que o tráfico seja em âmbito nacional, mas nenhuma possibilidade é descartada.
Ainda não se sabe como os estudantes teriam conseguido os animais. Segundo o delegado, essa questão só será definida ao final das investigações.
Sobre o criadouro
Como os animais foram encontrados em um aras, a suspeita é que o grupo utilizava os cavalos para produzir o soro antiofídico das cobras. “Quando o veneno é injetado no cavalo, ele produz anticorpos que podem ser retirados.” Os investidores não sabem quem é o dono do local.
A investigação ganhou força na tarde desta quinta-feira (9), quando o Batalhão de Polícia Militar Ambiental (BPMA) encontrou uma espécie de criadouro clandestino no Núcleo Rural Taquara, em Planaltina. No total, 16 cobras foram apreendidas, sendo 10 delas de origem estrangeira. A suspeita é o que local tenha relação com a cobra que picou Pedro. Até o momento, ninguém foi preso.
Os répteis, assim como a cobra naja, localizada na noite da última quarta-feira (7/9), foram levadas ao zoológico de Brasília e seguem em observação. Apenas seis delas podem ser encontradas no Brasil e as marcas encontradas por profissionais indicam que elas não viviam em condições ideais.
Os animais ficarão isolados no zoológico e passarão por testes veterinários. De acordo com os profissionais que recepcionaram os répteis, nenhuma das espécies localizadas, nacionais ou estrangeiras, corre risco de extinção na natureza.
Próximos passos
O estudante Pedro Henrique ainda se encontra no hospital, mas respondeu bem ao tratamento com soro antiofídico cedido pelo Instituto Butantan. De acordo com a equipe médica, há previsão de alta do rapaz até o sábado (11/7). A polícia ainda não revelou a data em que deve colher o depoimento do estudante de medicina veterinária.
“Mesmo ele estando acordado, Pedro ainda não tem condições de ser ouvido”, adiantou o delegado William Ricardo.