Policiais militares filmados agredindo uma mulher em Parelheiros, no extremo sul da capital paulista, foram afastados e o governador João Doria (PSDB) classificou a abordagem como "inaceitável" após a exibição das imagens no Fantástico, da Rede Globo, na noite deste domingo, 12. Na ação, um dos policiais chega a pisar no pescoço da comerciante e a arrastá-la. As imagens mostram uma abordagem policial realizada após uma reclamação por som alto nas imediações de um bar. O caso ocorreu no dia 30 de maio.
Em uma das cenas, a mulher aparece deitada no chão com o policial pisando em seu pescoço. Depois, ela é algemada e arrastada para uma calçada. Já na calçada, a comerciante é novamente imobilizada pelo pescoço. Desta vez, o policial usa o joelho.
Em SP um PM pisa no pescoço de uma mulher, negra, comerciante, de 51 anos que não demonstrava perigo algum e alega que estava sendo contida e que foi um meio necessário. #Fantastico pic.twitter.com/8dHJretSD4
— %u041D%u0435%u0448%u0435%u044F (@HemerMiranda) July 13, 2020
Ao Fantástico, o policial informou que um colega foi agredido pela mulher com uma barra de ferro e, por isso, a comerciante foi contida. Ele afirmou ainda que a ação "foi um meio necessário". A mulher nega.
Nas redes sociais, o governador João Doria disse que as cenas "causam repulsa". "Inaceitável a conduta de violência desnecessária de alguns policiais. Não honram a qualidade da PM de SP".
Os policiais militares que agrediram uma mulher em Parelheiros, na Capital de SP, já foram afastados e responderão a inquérito. As cenas exibidas no Fantástico causam repulsa. Inaceitável a conduta de violência desnecessária de alguns policiais. Não honram a qualidade da PM de SP
— João Doria (@jdoriajr) July 13, 2020
Em nota, a Secretaria da Segurança Pública de São Paulo (SSP-SP) informou que um inquérito policial militar (IPM) foi instaurado em 30 de maio e que os policiais já foram afastados. Eles vão ficar fora das atividades operacionais até o fim das investigações.
"A mulher mencionada pela reportagem, após liberação médica, foi apresentada à autoridade policial, no dia 31. Informada sobre seus direitos, ela decidiu permanecer em silêncio e se pronunciar apenas em juízo, assim como os outros dois homens detidos no dia anterior. Todos permaneceram à disposição da Justiça. O caso também é investigado por meio de inquérito pelo 25° DP, responsável pela área dos fatos."
A secretaria disse ainda que "não compactua com desvios de conduta de seus agentes e apura rigorosamente todas as denúncias". Informou também que, desde o dia 1º, policiais militares de todos os níveis hierárquicos estão participando de um treinamento para "reforçar os conhecimentos e técnicas da instituição.
A medida foi anunciada por Doria no mês passado, em meio ao recorde de letalidade e denúncias de violência policial.
George Floyd
O tipo de imobilização usada no caso de Parelheiros tem sido alvo de críticas principalmente após a morte do americano George Floyd, em Minnesota, nos Estados Unidos, em maio. Ele foi asfixiado por um policial que prendeu seu pescoço com o joelho por quase nove minutos. A ocorrência desencadeou protestos em várias partes do mundo.