Em decisão inédita, a Universidade de São Paulo (USP) expulsou um aluno do curso de relações internacionais, nesta sexta-feira (13), sob alegação de fraude nas cotas raciais e sociais. Após um ano de processo, este é o primeiro julgamento por fraude da universidade em 193 anos de existência.
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Braz teria mostrado à comissão responsável pelo julgamento fotos de pessoas negras alegando serem seus avós. Porém, o aluno não conseguiu provar o parentesco. Além disso, ascendência não é critério para inclusão, somente o fenótipo (aparência física).
Ainda conforme a Folha, no relatório, a comissão afirma que somente a cor da pele não categoriza a expressão social parda e que a “antecedência negra não imputa a experiência racista do estudante”.
Além disso, o aluno alegou ter uma renda de R$ 4 mil para quatro pessoas, sendo três dependentes do valor. Entretanto, a investigação descobriu que o estudante viaja constantemente para fora do país. Em sua defesa, o aluno afirmou que a viagem aMiami foi um presente de sua mãe.
Braz também disse à comissão que usava o transporte público para ir à faculdade. Mas os colegas de classe do estudante afirmam que ele usa um carro particular.
Conforme informações da Folha, o aluno teve direito a defesa, porém não conseguiu comprovar a baixa renda. Além disso, o edital do Sisu de 2019 esclarece que as cotas raciais estão “associadas às demais marcas ou características que, em conjunto, atribuem ao sujeito a aparência negra” e não só a cor da pele.
Ainda segundo o jornal, a comissão recomendou a expulsão do aluno pelas fraudes porém reconhece a autodeclaração do estudante como pardo.
*Estagiária sob supervisão da editora-assistente Vera Schmitz