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Teste da vacina contra coronavírus atrai 900 candidatos em Ribeirão Preto

Ao menos 900 interessados se candidataram até esta terça-feira, 21, para os testes da vacina chinesa contra a covid-19 no Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP) em Ribeirão Preto. Destes, serão selecionados os 300 voluntários que receberão a primeira dose da vacina na próxima semana. Desenvolvido pelo laboratório Sinovac Biotech, o imunizante chegou ao Brasil na segunda-feira, 20, e foi encaminhado ao Instituto Butantã, na capital. Dali será feita a distribuição para os doze centros médicos que participam dos testes sobre a eficácia e segurança da vacina.

Os candidatos de Ribeirão Preto são enfermeiros, médicos, técnicos de enfermagem e outros profissionais de saúde que atuam no atendimento direto aos pacientes com coronavírus. É preciso que eles estejam em boas condições de saúde e não tenham contraído o vírus. No caso das candidatas mulheres, elas não podem estar grávidas. Após a seleção, os voluntários serão atendidos no ambulatório do Hospital das Clínicas e receberão duas doses da vacina com intervalo de 15 dias. Como parte do teste, metade do grupo receberá um placebo. Os voluntários serão monitorados e passarão por exames para avaliação dos efeitos da vacina.

De acordo com o professor da faculdade de medicina e coordenador da pesquisa em Ribeirão, Eduardo Coelho, a cidade foi escolhida por possuir um centro de excelência e ter o vírus em circulação. Ribeirão registrou 10.534 casos e 284 óbitos pela covid-19. "Para medir a eficácia da vacina é preciso que a doença esteja circulando, para que se possa saber se ela pode proteger de forma eficiente. É um estudo experimental, não sabemos se a vacina funciona. Para que a gente teste é preciso ter o número correto de pessoas e aquelas que possam trazer essa resposta para nós", disse.

A expectativa é de que os resultados dos 12 centros brasileiros onde serão feitos os testes em 9 mil voluntários fiquem prontos entre outubro e início de novembro. Segundo o coordenador, a vacina já percorreu um longo caminho e mostrou que tem capacidade de gerar anticorpos. "Se demonstrar a eficácia e segurança que desejamos serão necessárias outras etapas para que sejam disponibilizadas à população. Estamos trabalhando e confiantes de que tudo dará certo", disse.

Os testes clínicos realizados no Brasil são da fase 3 e tiveram o aval da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). O laboratório chinês, com sede em Pequim, já realizou testes em cerca de mil voluntários na China, nas fases 1 e 2. Antes, o modelo experimental foi aplicado em macacos. Os outros 11 centros de medicina e saúde que farão testes estão na capital paulista, Brasília (DF), Rio de Janeiro, Minas Gerais, Rio Grande do Sul e Paraná. No interior de São Paulo, o Hospital das Clínicas da Unicamp, em Campinas, vai aplicar a vacina em 500 voluntários. Os testes devem começar em 30 dias, assim que a estrutura do local estiver pronta e vistoriada pela equipe do Instituto Butantã.

Nesta terça-feira, no Hospital da Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP), começaram os testes. A terceira fase de testes no HC será direcionada a 890 voluntários. Os pesquisadores do hospital vão analisar os voluntários em consultas agendadas a cada duas semanas. A estimativa é concluir as primeiras análises em até 90 dias.