Pesquisadores da Universidade de São Paulo (USP) registraram coágulos em pequenos vasos existentes embaixo da língua em pacientes infectados pela COVID-19 internados em estado grave. A descoberta, divulgada na plataforma medRxiv, reforça a teoria de que distúrbios de coagulação sanguínea resultantes de uma resposta inflamatória exacerbada ao SARS-CoV-2 estariam na base dos sintomas mais severos da doença.
A teoria ganhou força em abril, quando pesquisadores da Faculdade de Medicina da USP em São Paulo encontraram, durante a autópsia de pessoas que morreram em decorrência da COVID-19, microtrombos nos vasos mais finos que irrigam o pulmão.
O artigo descreve a análise feita na microcirculação sublingual de 13 pacientes que precisaram ser intubados e submetidos à ventilação mecânica. A região sublingual foi escolhida por ser uma área de mucosa possível de ser acessada de forma não invasiva.
No contexto da COVID-19, o problema está associado ao que se chama de tempestade de interleucinas (proteínas que atuam como sinalizadores imunes), que ativa um processo conhecido como cascata de coagulação. As plaquetas presentes na circulação começam a se agregar, os trombos formados obstruem os pequenos vasos do pulmão e causam microinfartos.
As regiões do tecido que morrem por falta de irrigação dão lugar a tecido cicatricial - processo conhecido como fibrose. Além disso, os microtrombos que se formam na interface do alvéolo pulmonar com os vasos sanguíneos impedem a passagem do oxigênio para as pequenas artérias, prejudicando a oxigenação do sangue.