A pergunta ‘Quem já teve coronavírus pode pegar novamente ou está imune ao vírus?’ tem movimentado debates entre cientistas, principalmente neste momento em que o número de curados no Brasil supera o de pessoas em tratamento. Como essa, outras perguntas sobre a COVID-19 ainda não têm respostas conclusivas da ciência justamente porque esse o vírus Sars-Cov-2 é relativamente novo. Antes de dezembro de 2019, ele ainda nem tinha sido identificado.
Estudo publicado em 15 de julho na revista científica Nature indica que a imunidade ao novo coronavírus adquirida por seres humanos pode durar por longos períodos, possivelmente, por mais de uma década. Os cientistas levaram para o laboratório pacientes que foram contaminados em 2002 e 2003 com a Síndrome Respiratória Aguda Grave (SARS). Mesmo após esses anos, os pacientes apresentaram células T, que são as responsáveis pela defesa do sistema imunológico. No estudo, os cientistas dizem acreditar que a mesma coisa ocorra com a COVID-19. Ou seja, que pessoas infectadas desenvolverão imunidade de longo prazo pelas células T.
Já uma pesquisa desenvolvida pela King’s College, em Londres, mostrou que 96 pessoas apresentaram anticorpos que poderiam neutralizar e parar o coronavírus. Mas os níveis desses anticorpos começaram a diminuir três meses após a pesquisa. Isso poderia indicar que a imunidade à COVID-19 tenha curta duração. Ou seja, nem as pesquisas que estão sendo desenvolvidas têm respostas concretas sobre a imunização ao coronavírus.
Anticorpos contra COVID-19
A doutora em microbiologia da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) Jordana Grazziela Alves esclarece que todas as pessoas que tiveram contato com o vírus desenvolvem anticorpos para combatê-lo. “Tanto os pacientes que tiveram a forma grave da COVID-19, quanto os indivíduos assintomáticos ou que tiveram poucos sintomas. Todos eles vão gerar uma resposta imune frente ao vírus. Então, muitas vezes os indivíduos podem testar positivo para anticorpos, nos testes convencionais de laboratório, mas a quantidade desses anticorpos reduz após meses de infecção, num período de 2 a 3 meses”.
Calendário da vacina
Cientistas ao redor do mundo estão tentando desvendar uma forma mais duradoura de imunizar contra o Sars-Cov-2, por meio de uma vacina. A considerada mais promissora pela Organização Mundial da Saúde (OMS) é a desenvolvida pela Universidade de Oxford em parceria com o laboratório AstraZeneca, que, se sair conforme o esperado pelos cientistas, poderá começar a ser distribuída no primeiro semestre de 2021. Mas isso significa dizer que haverá menos de um ano entre os processos de pesquisa sobre o imunizante e a vacinação das pessoas.
Por não sabermos ainda sobre uma possível reinfecção daquelas pessoas que testaram positivo para o novo coronavírus, é necessário que todos, quem foi contaminado e quem não foi, continuem a tomar aqueles cuidados que a gente conhece. “Todos os indivíduos que tiveram uma pré exposição ao Sars-Cov-2 precisam continuar tomando as medidas preventivas: lavando suas mãos, tomando cuidado com o uso de máscaras, evitando aglomerações, porque a gente não sabe se esses indivíduos que desenvolvem uma resposta imune anteriormente vai protegê-los contra uma segunda infecção”, explica Jordana.
(*Estagiária sob supervisão do subeditor Rafael Alves)