Jornal Estado de Minas

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Ministro interino cobra que números sejam divulgados com 'ressalva regional'

Com o Brasil registrando uma média diária igual ou superior a mil mortes por dia em decorrência da covid-19 pela sétima semana consecutiva, o ministro inteiro da Saúde, Eduardo Pazuello, cobrou da equipe técnica da pasta uma mudança na divulgação das informações. A ordem é para que os dados sobre o avanço da doença sejam acompanhados de ressalvas por região.



Segundo Pazuello, sua intenção é evitar que Estados e municípios onde a propagação do vírus esteja desacelerando tomem medidas drásticas considerando o cenário nacional.

A mudança no formato de divulgação dos dados foi cobrada pelo ministro em reunião com secretários estaduais e municipais no último dia 30. Na ocasião, Pazuello interrompeu por duas vezes a apresentação dos dados pelo diretor do Departamento de Análise em Saúde e Vigilância de Doenças não Transmissíveis, Eduardo Macário.

"Todas as santas vezes que o ministério falar de dados de Brasil, eu quero a ressalva. Todas as vezes. Abriu a planilha, eu quero a ressalva. Todas as vezes que falar de dados do Brasil eu quero a ressalva regional. Tá bom? Obrigado", afirmou Pazuello.

Após a intervenção, o diretor da pasta que fazia a apresentação concordou com o ministro, considerando importante reforçar o "caráter dimensional" dos números. Pelos dados apresentados pela pasta na reunião, o número de novos casos pela covid-19 cresceu 36% entre 19 e 25 de julho na comparação com a semana anterior, enquanto o registro de mortes aumentou 5%.



Nas planilhas do governo, a pandemia se deslocou das regiões Norte, Nordeste e das capitais de São Paulo e Rio de Janeiro para o interior do Sudeste e para a região Sul. "Claro que pode mostrar o número do Brasil, mas com as ressalvas necessárias", declarou o ministro interino, reforçando a orientação para considerar os números regionalmente.

Não é a primeira vez que Pazuello propõe mudar a forma de informar os dados sobre o avanço da covid-19 no País. No início de junho, o Ministério da Saúde passou a atrasar o horário de divulgação e deixou de divulgar o número total de mortos e contaminados. Após críticas e reações no Congresso e no Supremo Tribunal Federal, a pasta voltou atrás.

O País está há 80 dias sem ministro da Saúde. Interino no comando da pasta, Pazuello voltou a defender a "conduta precoce" no combate à covid-19, que envolve a prescrição de medicamentos sem a eficácia comprovada cientificamente, como a cloroquina.

O País registrou na segunda-feira, 3, 572 mortes e 18.043 novas infecções de coronavírus, segundo dados do levantamento realizado pelo Estadão, G1, O Globo, Extra, Folha e UOL com as secretarias estaduais de Saúde.