Jornal Estado de Minas

CLIMA

Onda de frio traz alerta para aglomerações e disseminação do novo coronavírus


A chegada de uma forte massa de ar frio polar nesta semana, em meio à pandemia do novo coronavírus, intensificou a preocupação com as doenças respiratórias e a circulação de vírus e bactérias típicas dessa estação, para além do Sars-CoV-2. Gripes, resfriados, rinites, asma, bronquite e outras infecções encontram condições propícias nas baixas temperaturas. Outros problemas comuns são os dermatológicos - pele ressecada já é característica do tempo frio e pode piorar com o uso do álcool gel.



As doenças respiratórias tendem a se concentrar no período do inverno por dois principais motivos: existe uma razão fisiológica em que, com a temperatura mais baixa, há uma diminuição da circulação sanguínea em áreas que recebem o ar frio, como os pulmões, por exemplo. Isso permite uma infecção mais ágil e eficiente por parte dos vírus que são transmitidos pela via respiratória. É o que explica Flávio Guimarães, virologista do Centro de Tecnologia de Vacinas da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) e vice-presidente da Sociedade Brasileira de Virologia.

"Existe também uma razão social, que é a tendência de aglomeração das pessoas em locais fechados. Isso também contribui para o alastramento de doenças respiratórias no inverno", acrescenta Guimarães.

Mas o especialista faz uma ressalva em relação ao vírus da COVID-19: "o coronavírus, como muitas coisas na pandemia, vieram para quebrar alguns paradigmas. Muito se falou que o Brasil teria uma chance melhor, isso há 4, 5 meses, porque nossa temperatura é maior, o vírus não se adaptaria bem, o que não correspondeu à realidade. Agora que está esfriando mais, será que vai ficar pior? Eu acho que não".



Para ele, o que pode causar os principais picos da doença, mesmo que momentâneos, é o processo de flexibilização e retomada das atividades que está acontecendo em grande parte do Brasil.

Aglomerações

A infectologista e professora do Departamento de Clínica Médica da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) Raquel Stucchi ressaltou que, neste momento de pandemia, o recado para os dias frios continua o mesmo: "fiquem em casa". De acordo com Raquel, a baixa temperatura é um motivo a mais para as pessoas ficarem reclusas.

"Não devemos promover nenhum tipo de aglomeração, não é hora de encontrar os amigos, de encontrar a família, porque a aglomeração, principalmente nos locais fechados e com pouca ventilação, que é como ficam os ambientes agora nesses dias mais frios, aumenta muito o risco de transmissão do novo coronavírus", explica.

Caso precisem sair, Raquel aconselha que as pessoas se agasalhem bem, continuem usando máscara corretamente - sempre cobrindo boca e nariz -, mantenham o distanciamento social e higienizem as mãos.

Raquel lembrou ainda que os outros vírus respiratórios, principalmente o da gripe, também continuam circulando e o uso da máscara é uma medida importante para evitar o contágio por estes vírus. Além da vacina, que ainda está disponível. "As pessoas devem procurar as unidades básicas, aqueles que ainda não vacinaram contra a gripe este ano, para serem vacinados", orienta.



A especialista explica também que a recomendação para toda pessoa que tenha quadro respiratório, que não seja alérgico ou crônico, como a rinite, por exemplo, deve procurar as unidades básicas de saúde para coleta do exame do novo coronavírus - ainda nos primeiros dias dos sintomas.

Manter o sistema imunológico em funcionamento é uma das principais providências para não ser pego de surpresa pela virada no tempo. Tomar bastante água para não descuidar da hidratação é uma das principais dicas dos médicos e, além disso, o consumo das frutas cítricas, ricas em vitamina C.

Para a época de frio, infectologistas recomendam manter os ambientes arejados e ventilados. Mas, com temperaturas extremas e frio intenso, isso fica mais difícil. "Não sendo possível, isso reforça a importância de não ter aglomeração, de não reunir pessoas que não moram juntas. O fato de eu não conseguir ventilar os ambientes por causa do frio me obriga a ficar quietinho em casa e sem receber ninguém", ressalta a infectologista.



Cuidados com a pele

Um dos principais problemas de pele que se intensificou com a chegada do inverno é o quadro de alergia. "O inverno deixa a nossa pele mais ressecada, não só pelo clima em si, mas também porque os nossos banhos acabam sendo muito mais quentes do que seriam normalmente, e isso contribui para que a pele fique mais ressecada", explica a dermatologista Eloisa Zampieri. Algumas pesssoas já têm predisposição genética, mas mesmo quem não tem, pode notar a pele com coceira ou mais sensível nesse período.

Com a pandemia, o uso do álcool gel foi outro agravante para o ressecamento. Eloisa explica que a substância causa uma quebra de barreira, uma ruptura do estrato córneo da pele. Com a perda de água, a camada externa fica mais vulnerável e predisposta a coceiras e a vários tipos de alergia.

Um segundo problema que piora no inverno são as dermatites, como psoríase e dermatite seborreica. "A pandemia também intensificou os quadros de dermatite seborreica, que vemos no couro cabeludo e na região do rosto, nariz, ao redor da boca. Fica uma pele vermelha, coçando e descamando, com casquinhas brancas", explica a médica.



A pandemia da covid-19 acabou intensificando esses sintomas por duas razões: "a primeira que o cenário atual de incerteza gera muita ansiedade e estresse na mente, então isso contribui para a piora. Além disso, o próprio uso de máscara tem piorado o quadro de dermatite seborreica da face e contribuído para o aparecimento da própria acne. Surgiu até uma nomenclatura chamada "mascne", que é a união da palavra máscara com acne".

Como dica principal, Eloisa aponta a importância de manter a saúde mental em dia, manejando o estresse e a ansiedade. Além disso, "em relação ao ressecamento, é possível evitar o uso de álcool gel em casa, porque podemos trocá-lo pela lavagem com água e sabonete neutro".

Na sequência, é importante hidratar as mãos e, da mesma maneira, quando sair do banho, é interessante já hidratar a pele com um creme específico porque isso restaura a barreira cutânea. "Na rua, temos de usar o álcool mesmo e, se possível, andar sempre com um hidratante na bolsa", acrescentou.



O que é o coronavírus


Coronavírus são uma grande família de vírus que causam infecções respiratórias. O novo agente do coronavírus (COVID-19) foi descoberto em dezembro de 2019, na China. A doença pode causar infecções com sintomas inicialmente semelhantes aos resfriados ou gripes leves, mas com risco de se agravarem, podendo resultar em morte.
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Como a COVID-19 é transmitida? 

A transmissão dos coronavírus costuma ocorrer pelo ar ou por contato pessoal com secreções contaminadas, como gotículas de saliva, espirro, tosse, catarro, contato pessoal próximo, como toque ou aperto de mão, contato com objetos ou superfícies contaminadas, seguido de contato com a boca, nariz ou olhos.

Vídeo: Pessoas sem sintomas transmitem o coronavírus?


Como se prevenir?

A recomendação é evitar aglomerações, ficar longe de quem apresenta sintomas de infecção respiratória, lavar as mãos com frequência, tossir com o antebraço em frente à boca e frequentemente fazer o uso de água e sabão para lavar as mãos ou álcool em gel após ter contato com superfícies e pessoas. Em casa, tome cuidados extras contra a COVID-19.



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Quais os sintomas do coronavírus?

Confira os principais sintomas das pessoas infectadas pela COVID-19:

Em casos graves, as vítimas apresentam:

Os tipos de sintomas para COVID-19 aumentam a cada semana conforme os pesquisadores avançam na identificação do comportamento do vírus. 

Vídeo explica por que você deve 'aprender a tossir'

Mitos e verdades sobre o vírus

Nas redes sociais, a propagação da COVID-19 espalhou também boatos sobre como o vírus Sars-CoV-2 é transmitido. E outras dúvidas foram surgindo: O álcool em gel é capaz de matar o vírus? O coronavírus é letal em um nível preocupante? Uma pessoa infectada pode contaminar várias outras? A epidemia vai matar milhares de brasileiros, pois o SUS não teria condições de atender a todos? Fizemos uma reportagem com um médico especialista em infectologia e ele explica todos os mitos e verdades sobre o coronavírus.

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