Alguns eventos adversos que podem seguir à infecção pelo coronavírus são a pneumonia e quadros inflamatórios, complicações graves que em certas situações acometem o paciente com COVID-19. Além dos ventiladores mecânicos, ainda são existe tratamento destinado a curar ou amenizar esse problema específico. Uma lacuna que a empresa alemã Merck, especializada em ciência e tecnologia, pretende preencher com um novo método.
O tratamento proposto pela companhia parte de uma mólecula chamada M5049, que poderá atuar no combate ao sintomas mais severos da doença. A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) aprovou o estudo clínico em pacientes brasileiros para aferir a aplicabilidade do fármaco. O estudo clínico é de modo controlado por placebo e randomizado de fase 2, a fim de avaliar a segurança e a eficácia da M5049.
Nesta fase, são 150 voluntários no Brasil e nos Estados Unidos, com idades entre 18 e 70 anos. A Santa Casa de Belo Horizonte recebeu aprovação, nesta quinta-feira, para o início do estudo, que também será realizado em outros centros de pesquisa inscritos no Brasil. Ao lado do tratamento padrão, que pode incluir tratamentos antivirais, os indivíduos receberão uma ou duas doses com a molécula ou placebo, a fim de comparação, seguindo os resultados em cada paciente.
Um dos fatores perigosos do SARS-CoV-2 é a reação exagerada que causa no sistema imunológico, conhecida como tempestade de citocina, uma resposta inflamatória grave. Tempestades de citocinas podem explicar porque algumas pessoas têm uma reação importante ao coronavírus, enquanto outras experimentam sintomas leves.
A M5049 consegue bloquear receptores que são sensores imunológicos inatos ao organismo que detectam o RNA de cadeia simples de vírus como o SARS-CoV-2. Quando ativados, acionam células imunes que, se não adequadamente controladas, podem levar à evolução para a forma grave da doença. Em algumas situações, esta resposta imune pode ser fatal.
Como explica o diretor médico da Merck e especialista em terapia intensiva, Luiz Magno, a molécula já era investigada para o combate a doenças que geram reações inflamatórias, como o lupus, a esclerose múltipla e outra doenças autoimunes. O intuito do estudo é perceber se a aplicação da M5049, em um ponto crítico no curso da infecção pelo coronavírus, pode impedir ou melhorar a resposta inflamatória em pacientes com pneumonia e barrar a progressão para um cenário mais complicado.
"Identificamos uma molécula com potencial para tratamento da COVID-19. Estamos investigando de que forma pode interferir quanto à doença. Avaliamos se o medicamento também reduz complicações de risco de vida, incluindo sintomas respiratórios graves que geralmente precisam de intervenções médicas adicionais, como ventilação mecânica", diz.
A M5049 foi descoberta internamente na Merck e concluiu recentemente um estudo da fase 1 em voluntários saudáveis. Conclusões desta fase dão conta de que os pacientes não apresentaram eventos adversos preocupantes.
O remédio é um comprimido de via oral. "Não é para uso preventivo", esclarece Luiz Magno. Dados sobre quando estará disponível no mercado e quanto ao preço de venda são precoces. "Isso depende da aprovação final com a conclusão da fase 3. A intenção é de que a fase 2 se encerre no fim deste ano e, se o resultado apontar a segurança e a eficácia da droga, a fase 3 deve acontecer ao longo de 2021. Só com essas informações tomaremos as melhores decisões", finaliza.
O trabalho sobre a M5049 é realizado em conjunto com pesquisadores e as agências regulatórias em saúde, e a empresa avalia outras indicações de imunologia, além a intervenção terapêutica contra a COVID-19.
O que é o coronavírus
Coronavírus são uma grande família de vírus que causam infecções respiratórias. O novo agente do coronavírus (COVID-19) foi descoberto em dezembro de 2019, na China. A doença pode causar infecções com sintomas inicialmente semelhantes aos resfriados ou gripes leves, mas com risco de se agravarem, podendo resultar em morte.
Vídeo: Por que você não deve espalhar tudo que recebe no Whatsapp
Como a COVID-19 é transmitida?
A transmissão dos coronavírus costuma ocorrer pelo ar ou por contato pessoal com secreções contaminadas, como gotículas de saliva, espirro, tosse, catarro, contato pessoal próximo, como toque ou aperto de mão, contato com objetos ou superfícies contaminadas, seguido de contato com a boca, nariz ou olhos.Vídeo: Pessoas sem sintomas transmitem o coronavírus?
Como se prevenir?
A recomendação é evitar aglomerações, ficar longe de quem apresenta sintomas de infecção respiratória, lavar as mãos com frequência, tossir com o antebraço em frente à boca e frequentemente fazer o uso de água e sabão para lavar as mãos ou álcool em gel após ter contato com superfícies e pessoas. Em casa, tome cuidados extras contra a COVID-19.Vídeo: Flexibilização do isolamento não é 'liberou geral'; saiba por quê
Quais os sintomas do coronavírus?
Confira os principais sintomas das pessoas infectadas pela COVID-19:
- Febre
- Tosse
- Falta de ar e dificuldade para respirar
- Problemas gástricos
- Diarreia
Em casos graves, as vítimas apresentam:
- Pneumonia
- Síndrome respiratória aguda severa
- Insuficiência renal
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Mitos e verdades sobre o vírus
Nas redes sociais, a propagação da COVID-19 espalhou também boatos sobre como o vírus Sars-CoV-2 é transmitido. E outras dúvidas foram surgindo: O álcool em gel é capaz de matar o vírus? O coronavírus é letal em um nível preocupante? Uma pessoa infectada pode contaminar várias outras? A epidemia vai matar milhares de brasileiros, pois o SUS não teria condições de atender a todos? Fizemos uma reportagem com um médico especialista em infectologia e ele explica todos os mitos e verdades sobre o coronavírus.Coronavírus e atividades ao ar livre: vídeo mostra o que diz a ciência
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