O bloqueio de verbas ameaça a Amazônia e o Pantanal. Em meio a desmatamento e queimadas recordes este ano nos dois biomas, o Ministério do Meio Ambiente (MMA) informou, nesta quinta-feira (28/8), que todas as operações de combate às catástrofes ambientais no país serão interrompidas a partir de segunda-feira.
A justificativa é o bloqueio de recursos realizado nesta sexta-feira pela Secretaria de Orçamento Federal (SOF), da ordem de R$ 20,9 milhões em verbas do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) e R$ 39,8 milhões do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio).
Segundo informado ao MMA pelo secretário Esteves Colnago, do Ministério da Economia, o bloqueio atual, de cerca de R$ 60 milhões para Ibama e ICMBio, foi decidido pela Secretaria de Governo e pela Casa Civil da Presidência da República e vem a se somar à redução de outros R$ 120 milhões já previstos como corte do orçamento na área de meio ambiente para o exercício de 2021.
Bloqueio e desmobilização
As operações que serão afetadas pelo bloqueio de verbas compreendem, no âmbito do combate às queimadas no Ibama, desmobilização de 1.346 brigadistas, 86 caminhonetes, 10 caminhões e quatro helicópteros. Nas atividades ao combate ao desmatamento ilegal, o bloqueio vai desmobilizar 77 fiscais, 48 viaturas e dois helicópteros.
No âmbito do ICMBio, nas operações de combate ao desmatamento ilegal serão desmobilizados 324 fiscais, além de 459 brigadistas e 10 aeronaves Air Tractor que atuam no combate às queimadas, por conta do bloqueio de recursos.
Repercussão do bloqueio
Repercussão do bloqueio
O bloqueio começa a ter repercussão negativa entre ambientalistas. Mas não parar por aí. Após as críticas de investidores internacionais, fundos de investimentos, países e grandes empresas sobre a condução da política ambiental do país, a medida, por bloqueio de recursos, certamente será recebida de forma bastante negativa pelo mundo.
Para Mariana Mota, coordenadora de Políticas Públicas do Greenpeace, “mais uma vez, o governo Bolsonaro faz um convite ao crime”. “Haveria recursos financeiros ao Ibama e ICMBio se houvesse interesse em salvar a Amazônia e o Pantanal, mas não há. O governo trabalha para que o crime se sinta à vontade em sua ilegalidade e dolosamente enfraquece a autonomia e estrutura dos órgãos que teriam a real capacidade de reprimir ilícitos ambientais. Nesse momento, em que nossos biomas pedem socorro, há recursos bloqueados do Fundo Amazônia, Fundo Clima e recursos direcionados ao teatro montado com as operações militares no Conselho da Amazônia”, disse.