O Correio Braziliense teve acesso a três vídeos exclusivos que mostram Pedro Henrique Krambeck, estudante de medicina veterinária denunciado por tráfico de animais, e outros jovens provocando a cobra naja que o picou e que ele criava clandestinamente.
Além dele, três foram denunciados pelo Ministério Público do Distrito Federal e Territórios (MPDFT). As imagens constam no processo que envolve o tráfico de animais silvestres.
Além dele, três foram denunciados pelo Ministério Público do Distrito Federal e Territórios (MPDFT). As imagens constam no processo que envolve o tráfico de animais silvestres.
Em um dos vídeos, é possível ver que Pedro começa atiçando a cobra com um objeto. Por um buraco do criadouro de plástico onde a serpente estava, ele passa a colocar o cabo preto. Aos 12 segundos deste primeiro vídeo, a naja sai da caixa.
Já na segunda filmagem, a cobra está fora da caixa, frente a frente com o suspeito de tráfico de animais. Sem aparentar medo, Pedro aparece sentado e estimulando o bicho. Em diversos momentos, o investigado bate as mãos no chão, e a naja tenta atacá-lo.
No último vídeo, a naja é manuseada por Gabriel Moraes e Gabriel Ribeiro, que extraem o veneno da serpente.
Pedro Krambeck acompanha todo o procedimento ilegal de extração do veneno da naja. O veneno é colocado em um corpo de vidro e os acusados comemoram.
Investigação indica esquema
Pedro Henrique Krambeck começou a ser investigado por tráfico de animais silvestres após ser picado pela cobra naja, em 7 de julho. A Operação Snake, da 14ª Delegacia de Polícia (Gama), concluiu o inquérito e indiciou o jovem 23 vezes por tráfico de animais, 23 vezes por maus-tratos e uma vez por associação criminosa e exercício ilegal da profissão – uma vez que, em um dos vídeos apreendidos pelos agentes, o estudante de veterinária realiza uma cirurgia em uma serpente.
O procedimento ocorreu no interior de um dos estabelecimentos comerciais da família.
O procedimento ocorreu no interior de um dos estabelecimentos comerciais da família.
Em entrevista ao Correio, o advogado do rapaz declarou que ele é inocente das acusações e que não houve maus-tratos, pois Pedro é um colecionador apaixonado pelos animais.
Familiares do acusado de tráfico também foram alvos da 14ª DP, o padrasto dele, o tenente-coronel da PMDF Clóvis Eduardo Condi, e a mãe, a advogada Rose Meire dos Santos.
A apuração confirmou que o militar concedia suporte financeiro a Pedro, enquanto a mãe dele ficava responsável pela reprodução das cobras.
A apuração confirmou que o militar concedia suporte financeiro a Pedro, enquanto a mãe dele ficava responsável pela reprodução das cobras.
A investigação também identificou que a associação criminosa de tráfico de animais iniciou na faculdade de Pedro Krambeck. Ele e outros amigos, entre eles Gabriel Ribeiro, desenvolveram o esquema e passaram a realizar rifas de cobras na instituição, segundo os investigadores. Pedro Henrique e Gabriel Ribeiro chegaram a ser presos temporariamente.
Por causa da rede de tráfico dentro da entidade, policiais civis passaram a apurar se professores poderiam ter ligação com o crime. Na última fase da Operação Snake, agentes coletaram conversas de WhatsApp que mostram o envolvimento de uma docente do curso de veterinária. Após Pedro ser picado pela naja, ela chegou a orientar um jovem a soltar as cobras não venenosas no mato. A suspeita foi indiciada por fraude processual.