Morreu na quinta-feira, 10, aos 90 anos, Francisco Gracioso, ex-presidente da Escola Superior de Propaganda e Marketing (ESPM) e um dos grandes nomes da publicidade no País. Ele estava internado no Hospital Albert Einstein, em São Paulo, após sofrer uma queda em casa na segunda-feira.
"Sua contribuição foi decisiva para melhorar a profissão de comunicadores no Brasil. Sempre teve enorme prazer em participar da formação de várias gerações de publicitários. Tinha paixão pelo que fazia. Foi um homem extremamente realizado", lembrou o filho Alexandre Gracioso, vice-presidente acadêmico da ESPM.
Publicitário com mais de 30 livros publicados, Gracioso foi o mais longevo presidente da ESPM. Assumiu a direção da escola em 1981 e esteve em seu comando por 26 anos. De uma escola com 320 alunos em um prédio alugado no bairro do Bexiga, quando assumiu, ele deixou a presidência, em 2007, com cerca de 10 mil alunos matriculados em cursos de graduação e pós-graduação, em unidades em São Paulo, Rio e Porto Alegre. Na ocasião o patrimônio imobiliário da ESPM foi avaliado em cerca de R$ 600 milhões.
"A gestão que ele liderou ajudou na ampliação do número de cursos. Ele introduziu o lato sensu em publicidade, talvez pela primeira vez. Diria que no período em que esteve à frente foi estabelecida a base para que seus sucessores pudessem trabalhar esse legado mais robusto", acrescentou Alexandre.
Mesmo depois de deixar o comando da instituição Francisco continuou presente na escola - como membro do conselho e membro editorial da revista da ESPM. Gostava de circular pelos corredores da faculdade, ouvir professores e alunos.
Segundo Dalton Pastore, atual presidente da escola, "se hoje todos nós encontramos abrigo e temos orgulho da marca ESPM, muito, mas muito, devemos ao professor Gracioso". "Muitas vezes tive o privilégio de me aconselhar com ele e sou grato pelo que me ensinou, pelo tanto que me incentivou."
Honoris causa. No ano passado, a ESPM homenageou Gracioso com o título de Doutor Honoris causa em Comunicação e Práticas de Consumo. "Ele enxergava as coisas à frente do tempo, com uma clareza muito grande. Muito da escola reflete o jeito dele de pensar. A ESPM perde um pouco de sua história. Ele deixa muito para todos nós", afirmou Ricardo Pastore, coordenador do núcleo de varejo da ESPM - que Gracioso criou em 2004.
A carreira de Gracioso vai muito além da ESPM. Começa nos anos 1950, depois de se formar na Escola de Propaganda do Museu de Arte de São Paulo (Masp). Seu primeiro trabalho foi em 1954, como redator da J. Walter Thompson. Na mesma década, tornou-se chefe de redação da McCann Erickson, onde ficou até 1975 e ocupou os cargos de diretor de criação, diretor de atendimento a clientes, gerente do escritório e a presidência da unidade brasileira.
O período na McCann teve um hiato, quando ele foi fazer mestrado em Administração no Institute for Management Development (IMD), em Lausanne, na Suíça - um período que chamou a sua atenção para a educação, a vida acadêmica. De volta ao Brasil, e à agência, ajudou a criar a Associação Brasileira de Alumni do IMD, que comandou por mais de três décadas. Gracioso deixou a McCann para fundar a própria empresa, a Agência Tempo, em 1975. No início dos anos 19 80, vendeu-a para a FCB - foi quando assumiu a presidência da ESPM.
"Ficam lições e ensinamentos, me vejo hoje como um educador que procura fazer melhor, como ele", ressalta o filho Alexandre. "Meu pai teve sempre a preocupação de deixar cidadãos melhores para o País. Formar pessoas que possam melhorar o nível de cidadania."
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
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