“Nada justifica o que fizeram com meu neto. Sinto muita falta dele e espero que a justiça seja feita”. A declaração é da avó de Luiz César Ferreira, de 12 anos, morto estrangulado com fio de energia elétrica. O crime ocorreu em meados de fevereiro, mas só veio à tona ontem, com a divulgação da prisão do suspeito, identificado como Everaldo Cordeiro de Neves, 21. Investigadores da 8ª Delegacia de Polícia (SIA) o prenderam na quinta-feira, no Recanto das Emas.
Leia Mais
Michelle Bolsonaro quer censurar música 'Micheque', da banda Detonautas; ouçaÚltimo paciente do hospital de campanha do Ibirapuera tem alta em SPComando Vermelho aproveita a pandemia e se estabelece na BahiaGenro e filha de Celso Russomanno são acusados por esquema de 'pirâmide'PGR pede ao STF abertura de inquérito contra ministro da Educação por homofobiaEx-advogado de Bolsonaro, Frederick Wassef é denunciado por corrupçãoA mulher ficou sabendo da prisão do suspeito pela reportagem. Ao relembrar do menino, ela se emocionou. “Ele era o único dos meus três netos que ainda tinha contato comigo. Vai fazer falta”, lamentou.
Quando Luiz chegou para morar com ela, a avó trabalhava como faxineira para uma produtora de festas. Em alguns dias, o neto a acompanhou no serviço. “Meus chefes conversavam bastante com ele e deram vários conselhos para o futuro de Luiz”, explicou. Após ser vítima de um acidente vascular cerebral (AVC), a mulher deixou o emprego.
Nessa época, ela passou a se dedicar inteiramente ao menino. “Fiz planos para ele. Queria mudá-lo de escola, quem sabe até conseguir um lugar melhor para morarmos. Porém, esses sonhos foram interrompidos quando ele sumiu”, disse. A mãe do menino é usuária de drogas, segundo relatou a avó, e não participava da criação da criança. O pai é desconhecido.
Nessa época, ela passou a se dedicar inteiramente ao menino. “Fiz planos para ele. Queria mudá-lo de escola, quem sabe até conseguir um lugar melhor para morarmos. Porém, esses sonhos foram interrompidos quando ele sumiu”, disse. A mãe do menino é usuária de drogas, segundo relatou a avó, e não participava da criação da criança. O pai é desconhecido.
Luiz César desapareceu em 16 de fevereiro. A avó conta que o garoto saiu de casa e não voltou mais. À época, ela registrou boletim de ocorrência na delegacia sobre o sumiço do menino. “Cheguei a procurar por ele em Santa Luzia. Perguntei para todo mundo que o conhecia, mas nada”, afirmou.
A polícia acredita que Luiz tenha sido assassinado em meados de fevereiro. Não se sabe, no entanto, a data exata da morte. O corpo da criança foi encontrado em 26 de março, após os investigadores receberem uma denúncia anônima. Ao chegarem no endereço, na Rua SL 50, Quadra 55, próximo ao Lote 8, os policiais se depararam com um corpo, em que havia um fio de energia elétrica enrolado no pescoço.
De acordo com a apuração policial, após matá-la, o suspeito colocou a criança em um saco plástico, a jogou dentro de uma fossa de, aproximadamente, três metros de profundidade e, em seguida, cobriu com areia. O Corpo de Bombeiros do DF foi acionado para ajudar na retirada do corpo. “O cadáver estava em estado avançado de decomposição. A identidade da vítima somente pôde ser confirmada em razão do trabalho pericial do Departamento de Polícia Técnica do Instituto de Medicina Legal, com a produção do laudo cadavérico e de um elaborado laudo antropológico, a partir da arcada dentária da criança”, detalhou o delegado-chefe da 8ª DP, Rodrigo Bonach.
Prisão e motivação
Após monitoramento policial, os investigadores localizaram Everaldo Cordeiro em uma chácara, no Recanto das Emas. Segundo o delegado, o homem havia passado por diversos endereços para não ser capturado: Águas Lindas (GO), Santo Antônio do Descoberto (GO) e Planaltina.
As investigações revelaram que o acusado nunca morou na Chácara Santa Luzia e não conhecia a criança. “Ele tinha uma parente, que estava internada em um hospital público do DF. Essa mulher tem um terreno na chácara e teria pedido a ele para que vigiasse o local, enquanto ela não estava presente”, disse o delegado.
Everaldo ficou cerca de um mês na área, e foi nesse período em que cometeu o assassinato. “Provavelmente, ele atraiu o menino para dentro do barraco e o matou em seguida. Foi um assassinato que ninguém viu ou ouviu nada. Ficou ali, entre quatro paredes”, completou o investigador.
A vizinhança e a avó da criança contaram que o menino era usuário de drogas e cometia pequenos furtos na região, mas, segundo a polícia, não há evidências de que o assassinato teria ocorrido por esse motivo. “Não temos como dizer o que realmente aconteceu, até porque não houve testemunhas e, durante o interrogatório, o suspeito permaneceu em silêncio”, frisou Rodrigo Bonach.
Sem registro de antecedentes criminais, agora, ele responderá criminalmente por homicídio doloso triplamente qualificado, em razão de ter sido praticado por motivo fútil, asfixia e mediante recurso que impossibilitou defesa da vítima, além da ocultação de cadáver. Caso seja condenado, o acusado poderá receber penas que, somadas, alcançam 33 anos de reclusão.