Jornal Estado de Minas

CORONAVÍRUS

"Não importa se é da China, mas se é segura e eficaz", diz médico voluntário da vacina

A briga política em torno de uma possível vacina contra a COVID-19 gerou preocupação na sociedade científica. Um dos imunizantes mais promissores em fase de testes é a CoronaVac, da farmacêutica chinesa Sinovac, coordenada pelo Instituto Butantan e aplicada em 700 voluntários do Distrito Federal. Mas, além da dificuldade de produzir uma imunização segura e eficaz contra um vírus em meio à pandemia, existe um certo preconceito de parte da população. Para o médico que foi o primeiro voluntário da vacina no DF, é preciso priorizar a saúde.



“A gente não pode deixar um problema político ou ideológico ser maior do que a questão de saúde pública do país. Nessa briga entre políticos, quem perde é o povo. Por isso, temos que lembrar que cabe à ciência decidir se a vacina é eficaz ou não”, diz Gabriel Ravazzi, médico do Hospital Universitário de Brasília (HUB). Ele recebeu o produto em agosto deste ano, em duas doses. Metade dos voluntários recebeu placebo para melhor avaliação dos resultados, mas não são informados.

“Estou bem, foi um processo supertranquilo. Não tive reação nenhuma e sigo com uma expectativa positiva. O resultado da pesquisa até aqui vem sendo muito bom, sem relatos de efeitos adversos graves em nenhum participante”, frisou.

Por conta dos resultados de segurança do produto analisados até aqui, foi possível ampliar os critérios de participação nos ensaios. O HUB divulgou nesta quarta-feira (21/10) que vai incluir idosos entre os voluntários. A inclusão de pessoas com mais de 60 anos foi aprovada pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). Para se inscrever, é preciso ser profissional da saúde do DF e preencher um formulário on-line. “Não importa se é da China, importa se ela é segura e eficaz, se o resultado final dos ensaios mostrarem isso”, avalia o médico. 





Anvisa

Gabriel lembra que as aprovações da Anvisa são importantes meios de avaliação de segurança. “A saúde é uma questão muito importante e não é conduzida por amadores. São profissionais que sabem o que estão fazendo. Se a vacina em teste foi autorizada pela Anvisa para ser aplicada na população, é porque ela mostrou eficácia e passou por requisitos mínimos de análise”, pontua.

O governador de São Paulo, João Doria (PSDB), já anunciou, em 30 de setembro, a compra de 46 milhões de doses da CoronaVac para a população paulista e, nesta quarta-feira, pediu grandeza e compreensão ao presidente Bolsonaro.

O Ministério da Saúde também havia sinalizado aquisições da mesma vacina, mas o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) disse, nesta quarta-feira (21/10), que o governo federal não comprará a “vacina chinesa”.

audima