O diretor-executivo da Organização Mundial da Saúde (OMS), Michael Ryan, afirmou em entrevista coletiva nesta sexta, 23, que a compra de vacinas é assunto da "soberania nacional" dos países, e que acredita "que o governo federal vai trabalhar no que é melhor para o Brasil", em resposta ao anúncio de Jair Bolsonaro de não adquirir os imunizantes chineses. Ainda sobre a situação brasileira, Ryan afirmou que cada país tem uma condição singular, tendo de ser observada a trajetória do vírus, mas que há atualmente uma "infraestrutura científica muito forte", e que "as condições agora são melhores" do que no começo da pandemia.
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Consórcio para comprar vacina esbarra em problema político, dizem especialistasButantã reclama de demora da Anvisa na liberação de insumo para vacinaOposição ameaça entrar com pedido de impeachment se Bolsonaro barrar vacinaAté setembro, apenas 10,4% da população fez teste para coronavírus no país, diz IBGEEm relação à liberação do remdesivir, anunciada nesta quinta, 22, pela Food and Drug Administration (FDA), agência reguladora de remédios e alimentos dos EUA, Ryan afirmou que as instituições podem liberar medicamentos que não necessariamente serão utilizados nas terapias, não havendo conflito. A cientista-chefe da OMS, Soumya Swaminathan, indicou que os dados nos quais a FDA se baseou não levaram em conta o resultado da pesquisa Solidariedade, que não havia registrado queda na mortalidade a partir da prescrição do remdesivir.
Swaminathan afirmou que a OMS deve começar a ter à disposição dados sobre eficácia das vacinas em novembro, e que no principio de 2021, a instituição deve se posicionar sobre a recomendação de imunizantes específicos. A este passo, deve se seguir uma aplicação das vacinas em pessoas de grupos de risco, que a cientista espera que seja de forma bem distribuída globalmente. Defendendo a iniciativa Covax, afirmou que é a melhor opção para os países garantirem a vacina, citando inclusive o Brasil. "Temos de balancear as expectativas", ponderou, lembrando que apenas entre 10 e 20% das vacinas costumam ser eficazes, mas que há, "felizmente", muitas candidatas para a covid.
"Alguns países viram aumento exponencial de casos e situação é crítica, em especial no Hemisfério Norte", afirmou o diretor-geral da OMS, Tedros Adhanom. O diretor instou governos a fazerem o possível para "impedir o colapso dos serviços de saúde e que escolas fechem outra vez", além de "ajudar famílias e negócios a se manterem". Alguns países mais pobres tiveram muitos problemas com suprimento de oxigênio, destacou, citando especialmente algumas nações africanas. Sobre o tema, afirmou: "Apoiamos a colaboração entre países e o setor privado para prover oxigênio".