Um "apagão" no Amapá já entra em seu quarto dia, com relatos de moradores sem energia elétrica na maior parte do estado. A situação também já afeta o fornecimento de água, já que sem eletricidade as bombas hidráulicas não funcionam.
A queda de energia em 13 dos 16 municípios do Amapá foi provocada por um incêndio que atingiu uma subestação de energia em Macapá na noite de terça-feira (3/11).
O Amapá tem cerca de 860 mil habitantes, segundo projeção do IBGE para 2020. Segundo o Ministério de Minas e Energia, 85% dessa população foi afetada pelo apagão, ou seja, cerca de 730 mil pessoas.
Três planos foram divulgados pelo Ministério de Minas e Energia para o reestabelecimento de energia no Estado. O primeiro deles prevê que cerca de 60% a 70% da carga volte a ser atendida até o fim da tarde desta sexta (6/11). Os outros dois estabelecem um prazo de 15 a 30 dias para a normalização.
Nas redes sociais, moradores reclamam da situação crítica no Estado - a hashtag "#SOSAmapá" ficou entre as mais comentadas no país na quinta (5/11). Fotos mostram filas enormes de carros em postos de gasolina.
Segundo o portal de notícias G1, há filas também em supermercados e locais de revenda de água, e o problema provocou uma corrida ao aeroporto, hotéis, supermercados e shoppings, onde ainda havia energia elétrica por causa de geradores.
Também na quinta, o prefeito de Macapá, Clécio Luís, decretou estado de calamidade pública na capital por 30 dias.
O incêndio
Na noite de terça-feira, uma explosão seguida de incêndio atingiu um transformador de uma subestação de Macapá, segundo informou o Ministério de Minas e Energia. O incêndio inutilizou o transformador e ainda danificou outro. Foram horas para combater o incêndio, afirmou o ministro da pasta, Bento Albuquerque, em coletiva de imprensa na quinta (5/11).
"Foi reportado um incêndio no transformador 1 da subestação de Macapá, de propriedade da LMTE [Linhas de Macapá Transmissória de Energia], tendo sido registrado perda total na unidade", informou o ONS (Operador Nacional do Sistema Elétrico, responsável por monitorar o fornecimento de energia em todo o Brasil), em nota.
A causa do incêndio ainda não é conhecida, e o ONS abriu uma investigação com prazo de 30 dias para apurar as causas e responsabilidades.
Sobre o #ApagaoNoAmapa, uma informação importante: o incêndio ocorreu em uma substação de energia da empresa PRIVADA ISOLUX, contratada pela União e que atende ao Sistema Interligado Nacional (SIN)! pic.twitter.com/rtSc7YmuiO
— Diogo Cabral (@Diogotapuio) November 6, 2020
Às 20h47 daquela noite, o incêndio causou o desligamento automático de linhas de transmissão na região, e 13 dos 16 municípios do Amapá ficaram sem energia elétrica elétrica.
Segundo afirmou Albuquerque, Macapá tem uma subestação com três transformadores — dois responsáveis pelo fornecimento de energia e um terceiro reserva. O transformador 1 pegou fogo. O transformador 2 foi parcialmente atingido.
Ou seja, os transformadores 1 e 2 ficaram indisponíveis. E o terceiro já estava danificado e em manutenção desde dezembro de 2019.
"O Amapá, que tem carga média de 250MW, está sendo atendido por apenas 40KW de geração pela usina hidrelétrica de Coaracy", afirmou o ministro Bento Albuquerque.
Planos
Os planos apresentados pelo governo federal para solucionar o apagão na região vão "assegurar o reestabelecimento gradual da carga total de Macapá nos próximo dias", disse nesta quinta o ministro de Minas e Energia.
O primeiro plano apresentado pelo governo federal, mais imediato, é recuperar o segundo transformador, que estava em operação, mas que teve um dano menor, na bucha de conexão do transformador com a rede.
Segundo a pasta, o óleo do transformador precisa passar por tratamento feito por máquinas especiais. De acordo com o governo, o transporte dessas máquinas seria feito na noite desta quinta pela Força Aérea Brasileira.
A previsão de reparo desse transformador, então, é esta sexta. Com isso, cerca de 60% a 70% da carga necessária para atender o Estado seria reestabelecida, segundo o governo.
O segundo plano é mais demorado: um segundo transformador será transportado da subestação de Laranjal do Jari (270 km de Macapá) a Macapá. Para o transporte, é necessário desmontar o transformador, retirar o óleo, fazer transporte fluvial, terrestre e instalação. O prazo para isso é de 15 dias, e a instalação do transformador garantiria 100% do fornecimento de energia.
O terceiro plano apresentado pelo Ministério de Minas de Energia é transportar um transformador de Boa Vista (RR), que passa pelos mesmos processo de desmontagem, transporte e instalação. O prazo para esse processo é de 30 dias.
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