Um dos idealizadores do Sistema Único de Saúde (SUS), o médico Hesio de Albuquerque Cordeiro morreu no domingo (8/11), aos 78 anos. O médico sanitarista e professor morreu em decorrência de uma doença degenerativa, no Rio de Janeiro.
Hesio Cordeiro liderou o grupo de médicos que fundou o Instituto de Medicina Social (IMS) da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj), em 1971. Este foi o primeiro programa de pesquisa sobre saúde pública no Brasil e nele foram formuladas as bases para a criação do Sistema Único de Saúde (SUS). O SUS foi instituído pela Constituição de 1988.
O médico se formou pela Uerj, mesma instituição que deu aula por 25 anos e foi reitor entre 1992 e 1995. Em nota, a instituição lamentou a morte do docente. "Hesio Cordeiro tem sua trajetória entrelaçada à própria história do movimento sanitário do país e dos acontecimentos mais marcantes da saúde, nos últimos 45 anos. Da mesma forma, sua atuação como reitor da Uerj entre 1992 e 1995 constitui um marco, ao promover a capacitação docente e estabelecer as bases para o crescimento da universidade como instituição dedicada não apenas ao ensino de graduação, mas também à pós-graduação, à extensão e à pesquisa científica", diz a Uerj em nota.
A Associação Brasileira de Saúde Coletiva (Abrasco) também lamentou a perda do médico, que foi presidente da instituição. "É triste pensar que o nosso grande mestre se foi. Mestre de todos nós. Mestre de uma geração de sanitaristas que lutaram e lutam pelo direito universal à saúde, por um país melhor, por uma vida digna para todas e todos. A lembrança será sempre a do Hesio que tratava todo mundo com o mesmo carinho e respeito, que abria as portas do Instituto de Medicina Social para qualquer estudante iniciante recém-chegado à Universidade querendo conhecer o que é Medicina Social", afirma em comunicado o atual presidente da Abrasco, Guinar Azevedo e Silva.
O ex-ministro da Saúde José Gomes Temporã destacou que Hesio foi uma "figura brilhante, generosa, dedicada às causas da saúde": “Hesio Cordeiro é um dos gigantes da saúde pública brasileira. Foi meu mestre, orientador do meu mestrado e amigo. Trabalhei com ele no Inamps na Nova República, período em que Hesio teve um papel central na estruturação do SUS. Depois o acompanhei quando ele foi secretário de Educação do estado do Rio de Janeiro. Uma figura brilhante, generosa, dedicada às causas da saúde, da ciência e da educação. Sem Hesio não teríamos o SUS e o direito à saúde inscritos na nossa Constituição".
Mineiro, de Juiz de Fora, o médico foi diretor da Agência Nacional de Saúde (ANS) e trabalhou como consultor da Organização Pan-Americana de Saúde (Opas). Hesio recebeu o título de doutor honoris causa da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz).
Nas redes sociais, o ex-candidato à presidência Ciro Gomes também lamentou a morte do sanitarista. "Mais do que nunca, este momento de pandemia mostra o valor de sua obra. Meu abraço à sua esposa Maria José, familiares e amigos", afirmou. Outras personalidades, como a deputada Jandira Feghali (PCdoB/RJ), a ex-diretora da Faculdade de Saúde da Universidade de Brasília (FS/UnB) Fátima Souza e o ex-ministro do Desenvolvimento Social Osmar Terra.