O presidente a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), Antonio Barra Torres, afirmou que o órgão seguiu protocolos técnicos ao suspender os testes da vacina Coronavac, após o registro de um evento adverso em um voluntário dos estudos. De acordo com ele, a decisão foi tomada após a Anvisa receber a informação de um "evento adverso grave não esperado".
O imunizante, desenvolvido pelo Instituto Butantã em parceria com o laboratório chinês Sinovac, é testado contra o novo coronavírus. Com a medida da Anvisa, o produto não pode ser mais aplicado em nenhum voluntário. Em coletiva de imprensa, o diretor da Anvisa comparou à situação ao "VAR" do futebol, quando o árbitro do jogo aguarda uma confirmação técnica para tomar a decisão. Com os documentos recebidos sobre o evento adverso, não era possível continuar com os testes pois as informações eram incompletas, disse o presidente da Anvisa.
"As informações foram consideradas incompletas, insuficientes para que continuasse permitindo o procedimento vacinal", disse Barra Torres. "Quando temos eventos adversos não esperados, a sequência de eventos é uma só: interrupção dos estudos. A responsabilidade é nossa, de atestar a segurança de uma vacina e sua eficácia. Que outra decisão é possível diante de um evento adverso grave não esperado e com informações incompletas? O protocolo manda que seja feita a interrupção do teste", afirmou o diretor, que é almirante e assumiu o cargo por indicação do presidente Jair Bolsonaro. Ele é próximo do presidente e inclusive já participou de manifestação em Brasília a favor do governo durante a pandemia da covid-19.
Mais cedo, o Instituto Butantã afirmou que o "evento adverso grave" observado em um voluntário brasileiro não teve nenhuma relação com os testes do imunizante. O órgão cobrou a Anvisa para retomar os testes no País até quarta-feira, 11, e argumentou que a suspensão vai atrasar a vacinação e a proteção da população contra a doença. O desenvolvimento da vacina se tornou o centro de um embate entre o presidente Jair Bolsonaro e o governador de São Paulo, João Doria (PSDB), antecipando um cenário de disputa eleitoral em 2022.
A Secretaria de Estado da Saúde considera que suicídio foi a causa provável da morte do voluntário da vacina Coronavac, de acordo com as informações disponíveis até o momento, conforme o Estadão apurou com fontes da pasta. A informação foi confirmada também por outras pessoas familiarizadas com o caso. De acordo com o governo do Estado, é "impossível" que o fato esteja relacionado com a vacina.
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