A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) alegou precaução da área técnica para suspender testes de vacina Coronavac, desenvolvida pela empresa chinesa Sinovac em parceria com a Instituto Butantan. A decisão foi tomada nessa segunda (9), após a agência identificar um "evento adverso grave" com um dos milhares de participantes do teste. A suspensão não tem prezo para acabar, segundo a agência.
De acordo com o presidente da Anvisa, Antônio Barra Torres, as notificações enviadas pelo Instituto Butantan foram consideradas “incompletas, insuficientes para que se continuasse permitindo o procedimento vacinal”.
"Quando temos eventos adversos não esperados, a sequência de eventos é uma só: interrupção dos estudos. A responsabilidade é nossa, de atestar a segurança de uma vacina e sua eficácia. Que outra decisão é possível diante de um evento adverso grave não esperado e com informações incompletas? O protocolo manda que seja feita a interrupção do teste", afirmou Torres.
Ele ainda explicou que a interrupção é natural durante o desenvolvimento clínico de qualquer produto de vacina. "Não temos compromisso com prazo", declarou.
O gerente-geral de Medicamentos da Anvisa, Gustavo Mendes, apresentou uma uma linha do tempo para exemplificar as notificações enviadas pelo Butantan e justificar a decisão de suspensão.
Segundo ele, a suspensão deve continuar. Isso porque, ainda de acordo com ele, não existem “evidências e dados para o estudo continuar”.
A Anvisa não esclareceu até quando a suspensão deve continuar ou se vai reverter o veredito de suspensão.
Linha do Tempo
- 29/10 - evento adverso teria acontecido
- 6/11 - Instituto Butantan enviou informação que não chegou até a Anvisa por conta de problemas técnicos
- 9/11 - 18h - Comitê da Anvisa recebe comunicação oficial do Intituto Butantan informando da ocorrência de evento adverso. Sem nenhum detalhe
- 9/11 - 20h45 - Comunicação eletrônica enviada para o Instituto Butantan
- 9/11 0 21h25 - Publicação no portal da suspensão de estudos
Interferência política
Barra Torres também fez questão de esclarecer qualquer suspeita sobre interferência política na decisão de suspender os testes. "Decisão é técnica. Não depende de aval de diretores", afirmou.
“O que o cidadão brasileiro não precisa agora é de uma Anvisa contaminada por interferência política”, explicou.
Barra Torres é amigo próximo do presidente Jair Bolsonaro (sem partido). Ele é almirante e assumiu o cargo por indicação de Bolsonaro.
*Estagiária sob supervisão da editora-assistente Vera Schmitz