“Você não é digna de limpar nada. Você, pra mim, não passa de um lixo. Vagab..! E eu estou te falando: o dia em que eu te encontrar na rua, eu vou cuspir nessa cara horrorosa sua! Nojenta!”
A mescla de insultos e ameaças foi enviada via áudio de WhatsApp na última sexta-feira (6) para a faxineira Maria José de Souza Marques, de 54 anos, moradora de Anápolis, em Goiás. O autor das mensagens é o cerimonialista Valeriano Pinto Coelho Filho, de 59 anos. Ele disparou as ofensas ao ser comunicado pela profissional de que ela não poderia atendê-lo na ocasião. O caso é investigado pela Polícia Civil, que apura se homem cometeu crime de injúria.
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“Valeriano, não vou poder ir. O homem me ligou agora, eu estava me arrumando para ir para ir à sua casa. O mocotó lá acabou e eu tenho que descer para fazer. Infelizmente, não vou poder ir, me desculpa aí. Tenta arrumar outra pessoa, tá bom?", diz a faxineira em áudio enviado ao patrão.
Furioso, ele responde a funcionária com uma enxurrada de humilhações.
“Vai fazer mocotó, que é comida de pobre. É isso que você sabe fazer. Eu não me misturo, eu tenho ódio de me misturar com gentalha como você. Você nunca mais na sua vida, vagab..., vai entrar dentro da minha casa. O dia em que você passar na rua e eu te ver, eu vou cuspir na sua cara. Porca! Vagab...! Vai limpar bosta da p. que te pariu! P. que te pariu não, porque você é filha de criação. Você é lixo, nem família você tem na vida”, continuou.
Ao G1, Maria José contou contou que tem gastrite e passou mal ao ouvir as mensagens. “Eu tenho orgulho de limpar o chão, lavar um banheiro. Eu me senti muito humilhada”, disse a profissional ao site.
"Zezinha"
Após a repercussão do caso, que gerou revolta nas redes sociais, Valeriano gravou um vídeo em que pede desculpas. Na gravação enviada ao G1, ele diz que conhece Maria José há 15 anos e a trata por Zezinha.
“Eu quero pedir perdão para ela pelo áudio que eu mandei. Acho que quem expôs esse fato na mídia foi a família dela, não fui eu. Isso me acarretou um desgaste muito grande, porque as pessoas se acham no direito de comentar sobre vidas que não conhecem. Você escuta comentários desagradáveis pessoais. Pessoas que estão me ligando e me ofendendo, me xingando, me humilhando”, reclamou, ressaltando que tem com a vítima uma relação de amizade.
A diarista nega ser amiga do cerimonialista e diz que presta serviços na casa dele esporadicamente. O Estado de Minas solicitou informações da Polícia Civil de Goiás sobre o andamento do caso, mas ainda não obteve retorno.