
Segundo fontes ouvidas pelo jornal, além do reforço na estratégia de testes, alguns secretários de estado cobram garantias de leitos exclusivos para o tratamento do vírus. Isso porque o estado de calamidade que garante a verba para a Saúde acaba no dia 21 de dezembro. No orçamento de 2021, não há previsão de dinheiro extra para financiar o combate à pandemia.
Ainda segundo o jornal, nesta semana militares da Saúde telefonaram para secretários e fizeram perguntas sobre o aumento das mortes. No final das conversas, eles encerraram com a certeza de que os números mais elevados eram reflexo do represamento de dados.
Segundo apurou o Estadão, o chefe da Saúde, Eduardo Pazuello, tem dito a interlocutores que apesar do aumento de casos em alguns locais, não espera a mesma proporção de mortes do começo da pandemia.
O general afirma que é preciso observar o comportamento do "novo ciclo" da doença na Europa para compreender o possível recrudescimento da pandemia no Brasil. Ele analisa que o correto é avaliar a doença em "ciclos" em vez de "ondas".
Pazuello também argumenta que o tratamento do coronavírus avançou, mesmo sem cura ou vacina.
A saúde na pandemia
Liderada por Pazuello, a pasta da Saúde adotou postura reticente na pandemia. Alinhado com o discurso do presidente Jair Bolsonaro (sem partido), o ministério segue o posicionamento de não impor medidas para restringir a circulação de pessoas, fechamento de comércios e lockdown.
O ministério também abandonou as “metas essenciais” para o controle da pandemia. Entre elas, a realização de 24,3 milhões de testes PCR no Sistema Único de Saúde (SUS). A rede pública fez até agora apenas 4,8 milhões desses exames, ou seja, cerca de 20% do previsto.
Formada principalmente por militares, a cúpula da Saúde ainda aguarda posição do Palácio do Planalto para se manifestar sobre o recrudescimento da doença em algumas regiões do país.
*Estagiária sob supervisão da subeditora Ellen Cristie.