O vice-presidente Hamilton Mourão negou nesta sexta, 20, que o governo planeje mudanças quanto às autorizações do Ibama para exportação de madeira. Ele afirmou que uma documentação específica para atividades de venda para o estrangeiro não tem efeito no comércio ilegal. Para jornalistas, Mourão ressaltou que a Polícia Federal irá intensificar a fiscalização do comércio ilegal.
O Estadão revelou que em março o Ibama acabou com as inspeções feitas nos portos do País ao suspender os efeitos de uma instrução normativa e, assim, eliminar a necessidade de uma autorização do órgão. Ontem, Mourão disse desconhecer a medida que flexibilizou as exigências para a exportação. Em conversa com jornalistas no início desta tarde, ele disse que a questão está "mal colocada".
"A questão da autorização do Ibama tem que só comparar... Está mal colocado isso aí", comentou. "Tem que comparar isso com os outros anos porque aquilo está ligado expressivamente ao comércio legal. O camarada que está legal ele tinha mais uma etapa burocrática a vencer. O ilegal não está nem aí", afirmou.
Segundo o vice-presidente, não há planos de mudanças sobre as autorizações de venda de madeira ao exterior. Para ele, a falta de uma documentação específica não facilita o comércio ilegal. Mais cedo, Mourão afirmou que é preciso "estrangular o comércio" ilegal e reconheceu que o governo tem responsabilidade pelo avanço da criminalidade no setor.
O assunto foi tema de reunião do vice-presidente nesta manhã com o diretor-geral da Polícia Federal, Rolando Alexandre. Após o encontro, Mourão reforçou a corporação irá intensificar a fiscalização de compra e venda de madeira ilegal da Amazônia.
"Essa madeira escoa pelos rios da Amazônia, então eles vão aumentar fiscalizações nos rios com apoio da Marinha também. E aí vamos ter uma efetividade maior nesse combate a essa ilegalidade, principalmente reduzir essa questão do desmatamento, que hoje está muito centrada na exploração de madeira ilegal", declarou.
Mourão citou que grande parte das autorizações de exploração de terra são "fraudulentas" e que "as consequências do desmatamento que nós estamos sofrendo hoje são de autorizações realizadas no ano de 2018". O encontro desta manhã contou também com a presença do superintendente regional da PF no Amazonas, Alexandre Saraiva.
Ele é um dos responsáveis pela Operação Arquimedes que investiga as atividades de comércio ilegal de madeira a partir da região amazônica. Ontem, em transmissão ao vivo com o presidente Jair Bolsonaro, o superintendente já havia comentado o desmatamento está associado a processo antigos, a maioria de 2018.