Ainda sem uma data definida pelo governo para o início da vacinação contra a covid-19 no País, o vice-presidente Hamilton Mourão admitiu estar "angustiado" para ser imunizado. Segundo ele, no entanto, é preciso aguardar que a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) libere alguma das vacinas que já apresentaram eficácia contra a doença. Mourão é um dos poucos membros do alto escalão do governo que ainda não contraiu o novo coronavírus.
Diferentemente do presidente Jair Bolsonaro, o vice é um entusiasta do imunizante. "Lógico (que tomarei a vacina), sem problema, se está regulamentado, ok, sem problema", disse ele na manhã desta segunda-feira a jornalistas ao chegar ao Palácio do Planalto. Ele pregou cautela, contudo, para a definição de uma data de início da imunização no País. "Também estou angustiado, quero ser vacinado, mas vamos aguardar."
O Ministério da Saúde apresentou na sexta-feira, 11, ao Supremo Tribunal Federal (STF) um plano nacional de imunização que prevê priorizar alguns grupos, como idosos e profissionais da saúde. O documento, no entanto, não determina uma data de início e do fim da vacinação no País, o que foi cobrado pelo ministro Ricardo Lewandowski. A pasta tem 48 horas para apresentar uma resposta ao magistrado.
Para o vice-presidente, ainda é cedo para discutir as datas de imunização. "Acho que está precipitado. Mais uma vez está muito polarizado isso aí", comentou. "Eu acho que não (é possível apresentar datas de vacinação). A data é o dia D", afirmou.
O vice destacou que, para distribuir a vacina em território nacional, são necessários seringas e pessoal especializado, por exemplo. "O desembarque da Normandia (na Segunda Guerra Mundial) foi caracterizado como o dia D, mas ninguém sabia qual seria esse dia D, porque se tinha uma série de fatores, tinha que reunir pessoal, material, tinha que ter as condições meteorológicas. É a mesma coisa com a vacina", comparou.
Questionado se o governo federal poderia comprar a Coronavac, imunizante produzido pela chinesa Sinovac em parceria com o Instituto Butantan, ligado ao governo de São Paulo, Mourão disse ser preciso aguardar. "Ainda precisamos ver mais para frente. Vamos lembrar só uma coisa: quem comprou a Coronavac? Nenhum país comprou a Coronavac, está todo mundo comprando Pfizer e outras aí, então vamos aguardar", afirmou o vice. Além do Brasil e China, porém, o imunizante é testado na Indonésia e na Turquia.
Mourão afirmou que o governo deve adquirir os imunizantes de acordo com a capacidade de produção. "A compra vai indo de acordo com a produção dessas vacinas. Vai se comprar tudo que tiver que ser comprado. Na minha visão, vai levar um ano vacinando (a população)", finalizou.
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