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Estado de Minas Resistência e fake news

Baixa adesão ao calendário de vacinas gera alerta das autoridades de Saúde

Medo do coronavírus, movimentos antivacina e fake news levam à queda da imunização em MG e no Brasil. Governo estadual reforça campanha em favor da imunização


25/12/2020 06:00 - atualizado 25/12/2020 08:08

(foto: Pixabay)
(foto: Pixabay)

No momento em que a vacinação contra a COVID-19 começa em alguns países, como Rússia, Reino Unido e Estados Unidos, no Brasil não há cronograma de imunização contra o novo coronavírus e os índices de cobertura vacinal para outras doenças têm caído. Esse fenômeno ocorre também em Minas Gerais, empurrado pelo receio das pessoas de sair de casa para procurar as instituições de saúde em meio à pandemia. Ainda que a preocupação quanto ao coronavírus seja importante, é preciso lembrar da prevenção para as demais patologias

Outro fator que contribui para a baixa na vacinação é o crescimento dos movimentos antivacina. Em Minas Gerais, dados mais recentes da Secretaria de Estado de Saúde (SES-MG) dão conta de que, na faixa etária até 5 anos de idade, a vacina para hepatite B,  a segunda dose da vacina tríplice viral, que protege contra sarampo, rubéola e caxumba, e a dose de reforço da vacina contra poliomielite, para prevenção da paralisia infantil, são as que apresentam taxas de cobertura vacinal  mais baixas.

No estado, para a tríplice viral, cujo público-alvo é formado por crianças até 1 ano, estão vacinados 75,38% desse conjunto, observando o período de janeiro a setembro deste ano. Obrigatória para crianças até 4 anos, a segunda dose contra a poliomielite está com cobertura de 70,55% do grupo que deve ser vacinado, nos padrões nas autoridades de Saúde em Minas Gerais, no mesmo período considerado. A meta de cobertura para ambas as vacinas é de 95%.

Com a campanha Vacina Mais Minas Gerais, a SES-MG alerta a população sobre os benefícios da vacina, os riscos de ignorar essas medidas de prevenção, com o intuito de desmistificar notícias falsas sobre o tema. “As baixas coberturas vacinais colocam a população em risco de surtos, epidemias ou retorno de doenças que não tinham mais casos confirmados no Brasil. Há risco, por exemplo, de sarampo, poliomielite e febre amarela, que são preveníveis por vacinação acometerem novamente a população”, divulga a entidade.

No Brasil, o Programa Nacional de Imunizações (PNI), do Ministério da Saúde, segue com as ações de vacinação, respeitando medidas de segurança para evitar a disseminação da COVID-19. Estão mantidas, por exemplo, as estratégias de imunização contra o sarampo entre pessoas de 20 a 49 anos. Foram realizadas, ainda, as campanhas nacionais de vacinação contra a poliomielite e de multivacinação, neste caso, para atualizar a situação vacinal de crianças e adolescentes menores de 15 anos.

Segundo o ministério, as baixas na cobertura vacinal em muito se devem à falsa sensação de segurança causada pela diminuição ou ausência de doenças imunopreveníveis, o desconhecimento da importância da vacinação por parte da população mais jovem (que cresceu com algumas doenças erradicadas), e as falsas notícias veiculadas, especialmente, nas redes sociais. Essas fake news incitam, muitas vezes, o medo de eventos adversos, reforçando supostos malefícios que as vacinas podem provocar à saúde.

A hesitação em vacinar é apontada pela Organização Mundial da Saúde (OMS) e o Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef) como um problema global. Há estudos indicando que a probabilidade de uma criança ser totalmente imunizada com todas as vacinas recomendadas até os 5 anos de idade é inferior a 20%. Em 2019, quase 14 milhões de crianças no mundo não receberam as vacinas oferecidas.

(foto: Edésio Ferreira/EM/D.A Press)
(foto: Edésio Ferreira/EM/D.A Press)

"A vacina é muito importante, como tudo o que podemos fazer para preservar a saúde"

Valdecir da Silva Simão, pintor, 49 anos



O pintor Valdecir da Silva Simão, de 49 anos, compareceu a um posto de saúde no Bairro São Pedro, em Belo Horizonte, para avaliar exames que tem feito devido a problemas nos rins, dores fortes de cabeça e a possibilidade de ter câncer no intestino. Entre os diagnósticos, surgiu a suspeita de hepatite B e, por isso, ele aproveitou e se vacinou contra a doença. Valdecir conta que nunca teve o costume de se vacinar – geralmente passa mal e, em algumas situações, até desmaia. 

A comerciante Renata Antunes, de 37 anos, levou a filha, Helena, de 3, para receber uma dose da vacina contra a poliomielite. O cartão de vacinação da menina está completo, com tudo o que é indicado para sua faixa de idade, além da vacina anual contra a gripe. A irmã de Helena, Cecília, de seis meses, está com as vacinação em dia. 

Na opinião de Renata, a atitude de pais e responsáveis que não levam os filhos para se proteger é absurda. “É fundamental, principalmente porque elas convivem diretamente com outras crianças. A vacina é o que faz as doenças acabarem. Tenho esse cuidado de trazer sempre para vacinar e faço a minha parte. É um orgulho ver o cartão de vacinação delas todo preenchido.”

Questão coletiva


(foto: Edésio Ferreira/EM/D.A Press)
(foto: Edésio Ferreira/EM/D.A Press)

"A vacina é também uma questão coletiva, um cuidado com o outro, para proteger a sociedade"

Elvis Fredi Motta, engenheiro civil, 60 anos

O engenheiro civil Elvis Fredi Motta, de 60 anos, é rigoroso quando o assunto é cuidar da saúde. A vacina é um compromisso que ele segue à risca desde criança. Para quem conviveu com a paralisia, a catapora, o sarampo e viu essa realidade, de crianças com deficiência, ou morrendo, em suas palavras, o que fica é uma lição. 

Elvis afirma que também espera a imunização contra a COVID-19. “Faço todos os reforços, sempre nas datas previstas. É imprescindível para prevenir doenças e suas sequelas, principalmente aquelas contra as quais não há remédios, ter uma vida mais saudável. A vacina é também uma questão coletiva, um cuidado com o outro, para proteger a sociedade. Uma grande conquista”, destaca o engenheiro.

Por meio do Sistema Único de Saúde (SUS), todos os anos, mais de 300 milhões de doses de imunobiológicos são distribuídas aos estados brasileiros. 

Conforme levantamento preliminar do Ministério da Saúde sobre a cobertura vacinal de crianças até um ano, em 2020 os números da vacinação no país estão assim: 63,97% do público-alvo foram imunizados com a vacina BCG; 55,12% vacinados para prevenção da hepatite B (em crianças até 30 dias); 67,15% para o rotavírus humano; 66,33% cobertos com a vacina pentavalente; 70,72% com a pneumocócica; 65,43% para prevenção à poliomielite; 68,03% com a meningocócica C;  49,45% contra febre amarela; 70,32% para a tríplice viral (primeira dose) e 65,85% com prevenção da hepatite A.

Atenção ao receituário

Veja contra quais doenças cada vacina protege:


BCG 
  • Formas graves da tuberculose

Hepatite B
  • Hepatite B

VORH Rotavírus
  • Rotavírus

Pentavalente
  • Difteria
  • Tétano
  • Coqueluche
  • Hepatite B
  • Meningite por Haemophilus influenzae tipo B

DTP
  • Difteria
  • Tétano
  • Coqueluche

VIP e VOP
  • Poliomielite

Pneumocócica 10
  • Pneumonia
  • Otite
  • Meningite e outras doenças causadas pelo pneumococo

Meningocócica C
  • Doença invasiva causada pela Neisseria meningitidis

Febre Amarela
  • Febre amarela

Tríplice Viral
  • Sarampo
  • Caxumba
  • Rubéola

Tetra Viral
  • Sarampo
  • Caxumba
  • Rubéola
  • Varicela

Varicela Monovalente
  • Varicela

Hepatite A
  • Hepatite A

HPV
  • HPV

Meningocócica ACWY
  • Doença invasiva causada pela Neisseria meningitidis

Dupla Adulto
  • Difteria
  • Tétano

dTpa (adulto)
  • Difteria
  • Tétano
  • Coqueluche

O calendário de vacinação é estabelecido pelo Programa Nacional de  Imunização do Ministério da Saúde:
Veja em qual faixa etária cada vacina deve ser ministrada
Em crianças
Ao nascer:
  • Dose única de BCG (até menores de 5 anos)
  • Dose de Hepatite B (pode ser feita até 30 dias de vida do bebê)

2 meses de idade:
  • Primeira dose da VORH Rotavírus
  • Primeira dose da Pentavalente
  • Primeira dose da VIP (até menores de 5 anos)
  • Primeira dose da Pneumocócica 10

3 meses de idade:
  • Primeira dose da Meningocócica C

4 meses de idade:
  • Segunda dose da VORH Rotavírus
  • Segunda dose da Pentavalente
  • Segunda dose da VIP (até menores de 5 anos)
  • Segunda dose da Pneumocócica 10

5 meses de idade:
  • Segunda dose da Meningocócica C

6 meses de idade:
  • Terceira dose da Pentavalente
  • Terceira dose da VIP (até menores de 5 anos)

9 meses de idade:
  • Dose inicial da Febre Amarela

12 meses de idade:
  • Reforço da Pneumocócica 10 (até menores de 5 anos)
  • Primeiro reforço da Meningocócica C (até menores de 5 anos)
  • Primeira dose da Tríplice Viral

15 meses de idade:
  • Primeiro reforço da DTP
  • Primeiro reforço da VOPb (até menores de 5 anos)
  • Dose única da Tetra Viral (até menores de 5 anos)
  • Dose única da Hepatite A (até menores de 5 anos)

4 anos de idade:
  • Segundo reforço da DTP
  • Segundo reforço da VOPb (até menores de 5 anos)
  • Reforço da Febre Amarela (considerar intervalo mínimo de 30 dias entre as doses)
  • Segunda dose da Varicela Monovalente (pode ser feita até 7 anos de idade)

9 anos de idade:
  • Uma dose da Febre Amarela (em pessoas entre 5 e 59 anos não vacinadas, administrar uma dose e considerar vacinado)
  • Duas doses da HPV (para meninas entre 9 e 14 anos e meninos entre 11 e 14 anos, duas doses, no intervalo de seis meses, a depender da situação vacinal. Para adolescentes e adultos entre 9 e 26 anos vivendo com HIV/Aids, três doses, com intervalo de dois e seis meses)

Em adolescentes
10 a 19 anos de idade:
  • Três doses da Hepatite B, a partir de 7 anos de idade (a depender da situação vacinal, completar esquema)
  • Uma dose da Febre Amarela (em pessoas entre 5 e 59 anos não vacinadas, administrar uma dose e considerar vacinado)
  • Duas doses da Tríplice Viral (a depender da situação vacinal, completar esquema)
  • Duas doses da HPV
  • Uma dose da Meningocócica ACWY, entre 11 a 12 anos de idade (nessa faixa etária, ministrar a vacina independente de dose anterior da Meningocócica C ou dose de reforço)
  • Três doses e reforço a cada 10 anos da Dupla Adulto (a depender da situação vacinal, completar esquema)
  • dTpa (adulto) para pessoas entre 10 e 19 anos

Em adultos
20 a 59 anos de idade:
  • Três doses da Hepatite B (a depender da situação vacinal, completar esquema)
  • Uma dose da Febre Amarela (em pessoas entre 5 e 59 anos não vacinadas, administrar uma dose e considerar vacinado)
  • Duas doses de Tríplice Viral até os 29 anos de idade, e uma dose da Tríplice Viral entre 30 e 59 anos (a depender da situação vacinal, completar esquema. Profissionais da saúde devem receber duas doses, independente da idade)
  • Três doses da Dupla Adulto e reforço a cada 10 anos (a depender da situação vacinal, completar esquema)
  • Uma dose da dTpa (adulto) e reforço a cada 10 anos para profissional de saúde (profissionais de saúde e parteiras tradicionais, como dose complementar no esquema básico da dT e reforço a cada dez anos)

IDOSOS
60 anos ou mais de idade:
  • Três doses da Hepatite B (a depender da situação vacinal, completar esquema)
  • Três doses da Dupla Adulto e reforço a cada 10 anos (a depender da situação vacinal, completar esquema)

Gestantes
  • Três doses da Hepatite B (a depender da situação vacinal, completar esquema)
  • Duas doses da Dupla Adulto (a depender da situação vacinal, completar esquema)
  • Uma dose da dTpa (adulto) a cada gestação (a partir da 20ª semana gestacional, até 45 dias após o parto)

O que é o coronavírus


Coronavírus são uma grande família de vírus que causam infecções respiratórias. O novo agente do coronavírus (COVID-19) foi descoberto em dezembro de 2019, na China. A doença pode causar infecções com sintomas inicialmente semelhantes aos resfriados ou gripes leves, mas com risco de se agravarem, podendo resultar em morte.
Vídeo: Por que você não deve espalhar tudo que recebe no Whatsapp

Como a COVID-19 é transmitida? 

A transmissão dos coronavírus costuma ocorrer pelo ar ou por contato pessoal com secreções contaminadas, como gotículas de saliva, espirro, tosse, catarro, contato pessoal próximo, como toque ou aperto de mão, contato com objetos ou superfícies contaminadas, seguido de contato com a boca, nariz ou olhos.

Vídeo: Pessoas sem sintomas transmitem o coronavírus?


Como se prevenir?

A recomendação é evitar aglomerações, ficar longe de quem apresenta sintomas de infecção respiratória, lavar as mãos com frequência, tossir com o antebraço em frente à boca e frequentemente fazer o uso de água e sabão para lavar as mãos ou álcool em gel após ter contato com superfícies e pessoas. Em casa, tome cuidados extras contra a COVID-19.
Vídeo: Flexibilização do isolamento não é 'liberou geral'; saiba por quê

Quais os sintomas do coronavírus?

Confira os principais sintomas das pessoas infectadas pela COVID-19:

  • Febre
  • Tosse
  • Falta de ar e dificuldade para respirar
  • Problemas gástricos
  • Diarreia

Em casos graves, as vítimas apresentam:

  • Pneumonia
  • Síndrome respiratória aguda severa
  • Insuficiência renal
Os tipos de sintomas para COVID-19 aumentam a cada semana conforme os pesquisadores avançam na identificação do comportamento do vírus. 

Vídeo explica por que você deve 'aprender a tossir'


Mitos e verdades sobre o vírus

Nas redes sociais, a propagação da COVID-19 espalhou também boatos sobre como o vírus Sars-CoV-2 é transmitido. E outras dúvidas foram surgindo: O álcool em gel é capaz de matar o vírus? O coronavírus é letal em um nível preocupante? Uma pessoa infectada pode contaminar várias outras? A epidemia vai matar milhares de brasileiros, pois o SUS não teria condições de atender a todos? Fizemos uma reportagem com um médico especialista em infectologia e ele explica todos os mitos e verdades sobre o coronavírus.

Coronavírus e atividades ao ar livre: vídeo mostra o que diz a ciência

Para saber mais sobre o coronavírus, leia também:

 



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