Dados mais recentes do Ministério da Saúde mostram que nenhuma das vacinas atingiu os indicadores preconizados pelo Programa Nacional de Imunizações (PNI), e o movimento antivacina pode ter contribuído para essa redução. O presidente da Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIM), Juarez Cunha, avalia que o movimento antivacina é um dos protagonistas na propagação das fake news. “As inverdades que têm circulado podem impactar no número de pessoas não vacinadas no país. Coloca nossa população, especialmente as nossas crianças, em risco, colaborando para o retorno de doenças que já estavam controladas ou eliminadas. É o caso do sarampo”, afirma.
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Juarez Cunha lembra que o movimento antivacina ganhou força por meio de um artigo falso, publicado em 1998 pelo médico inglês Andrew Wakefield, que incitava o entendimento de que a vacina do sarampo causava autismo. Desde então, outros conteúdos passaram a ser propagados e as consequências viriam em larga escala. Entre elas, o aumento de casos de sarampo. Em 2019, o Brasil perdeu a certificação de país livre da doença, depois da ocorrência de notificações confirmadas por mais de 12 meses, de forma endêmica. De acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS), os países dos continentes europeu e africano também registraram crescimento do número de casos na última década.
Vacina pode causar autismo? A melhor higiene faz doenças desaparecerem? É perigoso aplicar doses de imunizantes em um mesmo dia? Doenças evitáveis por vacinas já foram erradicadas? Essas são os principais questionamentos registrados no Saúde Sem Fake News, canal criado pelo Ministério da Saúde. Na rede há pouco mais de dois anos, a plataforma registrou mais de 99 mil dúvidas, boa parte relacionada às vacinas.
Especialistas reconhecem que qualquer medicamento ou imunobiológico pode causar eventos adversos, mesmo que sejam usuais, como dor local, vermelhidão no braço, dor de cabeça ou febre baixa. “Isso não é motivo para deixar de vacinar. Vacinar é uma estratégia segura”, reforça Eder Gatti, doutor em Saúde Coletiva. Para ele, o maior evento adverso é deixar de vacinar. “O impacto que as vacinas causam é praticamente insignificante. Divulgar informações contrárias a elas é o que põe em xeque a credibilidade do programa de imunizações e provoca a queda de cobertura”, ressalta.
Todas as vacinas disponibilizadas no Programa Nacional de Imunizações (PNI) passam pelo crivo da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), que obedece aos parâmetros internacionais para avaliar segurança, imunogenicidade e eficácia. Uma vez incorporada no Calendário Nacional de Vacinação, antes de ir para o posto de saúde, a vacina passa por uma avaliação criteriosa do Instituto Nacional de Controle e Qualidade em Saúde (INCQS), que realiza ensaios laboratoriais para o controle de qualidade de produtos com interesse para a saúde.
O PNI existe há 47 anos e atualmente oferece 18 vacinas no Calendário Nacional de Vacinação de Crianças e Adolescentes, sete vacinas para adultos e cinco vacinas para idosos, disponibilizadas gratuitamente nas salas de vacinação do Sistema Único de Saúde (SUS).
“A legislação prevê a obrigatoriedade para pais e responsáveis vacinarem seus filhos, menores de idade. Para adultos, a vacina não é compulsória. A única forma de impedir o retorno de doenças é a vacinação em massa, para todos, em geral. Há doenças que atingem um perfil de pessoas específico, mas existem as que afetam todas as pessoas, como a COVID-19”, diz o virologista Flávio da Fonseca.
Pandemia Enquanto no Brasil se discute ainda a vacinação, nos Estados Unidos, Canadá e Reino Unido, as campanhas nacionais de imunização contra a doença já começaram. Em solo norte-americano, uma enfermeira de Long Island, cidade no estado de Nova York, inaugurou a fila e recebeu a dose do imunizante desenvolvido pela Pfizer e BioNTech. A aplicação foi transmitida ao vivo.Já o Canadá é o terceiro país que inicia a vacinação com o imunizante da Pfizer e BioNTech. Uma assistente de um asilo médico em Toronto foi a primeira a receber a injeção.
No Brasil, conforme o Plano Nacional de Imunização do governo federal, a previsão é que a vacinação aconteça, em um primeiro momento, para grupos prioritários, que somam 50 milhões de pessoas: trabalhadores de saúde, idosos , indígenas, pessoas acima de 60 anos, pessoas com comorbidades, professores, forças de segurança e funcionários do sistema prisional.
O Ministério da Saúde estima, após as quatro fases de imunização previstas para esses grupos, um prazo de 12 meses para a vacinação da população em geral, o que dependerá do quantitativo de imunobiológico disponibilizado para uso. A intenção do governo é completar o plano de vacinação em aproximadamente 16 meses. Ainda não há uma vacina disponível para uso imediato.
Para o epidemiologista José Geraldo Leite Ribeiro, a adesão à vacina contra a COVID-19, além de uma proteção individual, é uma obrigação social. Ele se demonstra inteiramente contra a obrigatoriedade da vacina, já que isso, em sua opinião, é dar munição aos movimentos antivacina. "Se você torna a vacina obrigatória, aparecem muitas pessoas falando sobre o direito de ser livre nessa opção, e é uma maneira de arregimentar seguidores e simpatizantes no sentido contrário às vacinas", diz.
Para José Geraldo, é inegável que a vacina é o melhor caminho a seguir. "Acho que uma pessoa deve ser muito estúpida para não reconhecer os benefícios da vacina. Para quem quer ver hoje a população bem vacinada, discutir a obrigatoriedade é um tiro no pé. No Brasil, por exemplo, temos a maior cobertura vacinal entre idosos para a gripe no mundo, e a vacina nunca precisou ser obrigatória para isso", compara.
Para quem viaja ao exterior
Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), não há calendário internacional de vacinação para todos os viajantes. Para cada situação é adotada uma recomendação personalizada, de acordo com os países a serem visitados, dependendo do tipo, duração e tempo disponível para aplicação da vacina antes da partida.
POLIOMIELITE
Antes de viajar para áreas com transmissão ativa de poliovírus, os viajantes de países livres de poliomielite devem assegurar que tenham completado o esquema de vacina antipólio adequado à idade, de acordo com o respectivo calendário nacional de imunização. Os viajantes adultos em áreas infectadas que já receberam três ou mais doses de vacina também devem receber outra dose única de reforço. Os viajantes para locais onde a doença existe, que não tenham recebido anteriormente nenhuma dose de vacina, devem completar o cronograma primário de vacinação antes da partida.
SARAMPO E RUBÉOLA
No Brasil, o vírus do sarampo não está mais em circulação endêmica e o país também está oficialmente livre da rubéola e da Síndrome da Rubéola Congênita (SRC). A vacina é essencial para evitar seu retorno, considerando que ainda afetam outras regiões do mundo. Apesar de não haver, no momento, exigência de vacinação contra sarampo e rubéola para visitação a outros países, é recomendado que viajantes com destino a regiões com ocorrência dessas doenças, como o continente europeu, atualizem a vacina pelo menos 15 dias antes da viagem. É importante que o esquema vacinal esteja completo.
FEBRE AMARELA
Se a intenção é visitar áreas rurais ou de matas (Áreas com Recomendação de Vacinação - ACRV), a vacina contra a febre amarela é altamente recomendada. De dose única, deve ser aplicada com pelo menos 10 dias de antecedência da data da viagem. Como medida de controle da doença, alguns países exigem dos viajantes o Certificado Internacional de Vacinação ou Profilaxia (CIVP) para o ingresso em seu território. A vacina contra febre amarela está disponível nas unidades de saúde, onde é registrada no Cartão Nacional de Vacinação após a aplicação e, para validá-la como comprovante para a viagem, é preciso emitir o CIVP, comparecendo a um Centro de Orientação de Viajantes da Anvisa, e apresentar documentação específica.
ISENÇÃO DE VACINAÇÃO
Para casos em que a vacinação é contraindicada, é preciso portar o Atestado de Isenção de Vacinação. O certificado é emitido pelo médico. Recomenda-se a utilização do modelo de atestado de isenção da ANVISA.
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Como a COVID-19 é transmitida?
A transmissão dos coronavírus costuma ocorrer pelo ar ou por contato pessoal com secreções contaminadas, como gotículas de saliva, espirro, tosse, catarro, contato pessoal próximo, como toque ou aperto de mão, contato com objetos ou superfícies contaminadas, seguido de contato com a boca, nariz ou olhos.Vídeo: Pessoas sem sintomas transmitem o coronavírus?
Como se prevenir?
A recomendação é evitar aglomerações, ficar longe de quem apresenta sintomas de infecção respiratória, lavar as mãos com frequência, tossir com o antebraço em frente à boca e frequentemente fazer o uso de água e sabão para lavar as mãos ou álcool em gel após ter contato com superfícies e pessoas. Em casa, tome cuidados extras contra a COVID-19.Vídeo: Flexibilização do isolamento não é 'liberou geral'; saiba por quê
Quais os sintomas do coronavírus?
Confira os principais sintomas das pessoas infectadas pela COVID-19:
- Febre
- Tosse
- Falta de ar e dificuldade para respirar
- Problemas gástricos
- Diarreia
Em casos graves, as vítimas apresentam:
- Pneumonia
- Síndrome respiratória aguda severa
- Insuficiência renal
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Mitos e verdades sobre o vírus
Nas redes sociais, a propagação da COVID-19 espalhou também boatos sobre como o vírus Sars-CoV-2 é transmitido. E outras dúvidas foram surgindo: O álcool em gel é capaz de matar o vírus? O coronavírus é letal em um nível preocupante? Uma pessoa infectada pode contaminar várias outras? A epidemia vai matar milhares de brasileiros, pois o SUS não teria condições de atender a todos? Fizemos uma reportagem com um médico especialista em infectologia e ele explica todos os mitos e verdades sobre o coronavírus.Coronavírus e atividades ao ar livre: vídeo mostra o que diz a ciência
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