O Instituto Butantan, responsável por fabricar a vacina Coronocav no Brasil, vai pedir o registro do imunizante à Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) nesta quinta-feira (07/12). O Governo de São Paulo cogita aplicar somente uma dose da vacina contra a COVID-19, de origem chinesa.
Não há nenhuma decisão sobre a quantidade de doses, pois a ideia partiu de uma discussão no Centro de Contingência do Coronavírus que reúne 20 especialistas do setor público e privado. O Butantan não foi comunicado sobre nenhum acordo. Tudo depende da eficácia da vacina entre as duas doses previstas, com prazo de 14 dias, para ter a certeza da imunização completa contra o novo coronavírus.
Caso a Coronavac responder de forma positiva a partir da primeira dose, é bem provável que haja uma "cópia" dos países europeus aumentando a base de pessoas a serem imunizadas, descartando a segunda vacinação.
A hipótese de aplicar somente uma dose foi pensada, também, por um problema que está surgindo na Europa: a falta de vacinas. Porém, nos Estados Unidos, a campanha de vacinação tem seguido o protocolo de duas doses, priorizando os grupos mais necessitados.
O governo de São Paulo adiou duas vezes os dados do estudo da terceira fase da Coronavac que mostra a eficácia da vacina, causando polêmica a respeito da efetividade do imunizante. O governador João Doria (PSDB) tinha informado que os primeiros resultados da terceira fase seriam divulgados no dia 15 de dezembro, mas na véspera adiou pelo fato do vírus ter ganhado força no país e pelo número de voluntários infectados.
A nova data foi marcada para o dia 23 de dezembro, mas foi adiada novamente. O motivo seria diferenças vistas pela Sinovac entre os resultados de eficácia no Brasil. Com isso, a informação foi segurada pelo governo de São Paulo a pedido da própria Sinovac.
Segundo informações, a eficácia aqui no país foi menor do que países na Europa. Como a China quer um “padrão” nas vacinas com eficácia acima de 90%, os resultados da terceira fase foram adiados.
O jornal Folha de S.Paulo chegou a mostrar o embate do plano Doria com o presidente Jair Bolsonaro com relação à pandemia e à vacinação e isso permite que um pedido de registro seja feito aqui no Brasil e ao mesmo tempo na China.
Como a China garantiu que as vacinas seriam aprovadas em um prazo de três dias, o objetivo era pressionar a Anvisa. Uma lei criada no início da pandemia obriga o registro automático de vacinas aprovadas por agências chinesas, EUA, União Europeia ou Japão. A partir daí as conversas entre estado, Anvisa e Ministério da Saúde ficaram mais “saudáveis”.
Os números que serão apresentados na quinta-feira serão, provavelmente, os dados brasileiros para que seja feito um pedido emergencial à Anvisa, que tem prazo de 10 dias para aprovar ou não. O plano de Doria pretende começar o plano de vacinação no dia 25 de janeiro. A meta é imunizar cerca de 9 milhões de pessoas entre profissionais de saúde, grupos prioritários e idosos (acima de 60 anos).
Se for decidido a aplicação de apenas uma dose da Coronavac, o plano terá de ser totalmente alterado. Isso sem contar com uma possível aceleração da pandemia no país e com os surgimentos de novas variantes do novo coronavírus.
De acordo com o planejamento paulista, teria 46 milhões de doses da Coronavac, entre doses prontas e formuladas no Butantan, neste mês de Janeiro. Na virada do ano, eram 11 milhões.
*Estagiário sob supervisão do subeditor Eduardo Oliveira