Em um mês, o número de sepultamentos em Manaus cresceu 193% em meio à explosão do número de infectados pelo coronavírus no Amazonas. Em 6 de dezembro, uma quarta-feira, foram registrados 31 enterros na capital, número que subiu para 91 nessa terça-feira, 5.
Por causa do aumento dos casos de COVID-19, o prefeito de Manaus, David Almeida, decretou estado de emergência em Manaus pelo período de 180 dias para conter o avanço da pandemia na capital amazonense.
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China coloca 11 milhões em lockdown; casos na Europa superam 25 milhõesSP tem vacina pronta para iniciar imediatamente imunização de milhões, diz DoriaDoria: estudos apontam que Coronavac tem eficácia de 78% a 100% contra a covid-19Para o presidente do Sindicato das Empresas Funerárias do Amazonas (Sefeam), Manuel Viana, o setor está mais preparado para lidar com aumento de sepultamentos. No entanto, ele alerta que a cidade ainda pode reviver as cenas dramáticas de abril do ano passado quando foi necessário abertura de valas comuns para enterros.
"Não corremos risco de 'apagão' funerário, mas pode haver 'apagão de cemitérios'. Estamos preocupados porque caso seja ultrapassada a média de 100 sepultamentos durante três ou quatro dias consecutivos não vamos ter sepulturas abertas. E corremos o risco, novamente, de usar as valas", afirmou. A média diária de mortes em Manaus ficou acima de 60 nos primeiros dias do ano.
Na manhã dessa quarta-feira, 6/01, o prefeito de Manaus esteve no maior cemitério da capital, o Nossa Senhora Aparecida, localizado no bairro Tarumã, zona oeste. Sem se referir ao aumento de mortes por COVID, David Almeida disse que irá construir novas sepulturas verticais para impedir que Manaus volte a sofrer com a questão funerária.
"A cidade cresceu e temos a necessidade de construir novas sepulturas verticais. Estamos fazendo a recuperação das 16 ruas do cemitério e faremos um trabalho de paisagismo, a fim de que possamos dar dignidade às pessoas que vão sepultar os seus entes queridos. Também já demos início ao processo no intuito de construir 22 mil sepulturas verticais", disse.
A situação crítica nas unidades de Saúde no Amazonas já fez a Defensoria Pública do Estado do Amazonas (DPE-AM) ingressar com uma ação civil pública contra o Estado do Amazonas para garantir a internação de pacientes com COVID-19 no Estado.
No último domingo, 4, a DPE-AM ingressou com a ação pedindo que o governo do Estado seja obrigado a requisitar, de forma compulsória, 150 leitos clínicos e 26 leitos de UTI mantidos pelo Hospital Nilton Lins, incluindo "todos os produtos e serviços necessários para o funcionamento e manutenção disponibilizados pelo ente privado, a exemplo, medicamentos, insumos, equipamentos de proteção individual, equipamentos em geral, recursos humanos, órteses, próteses e materiais especiais, devendo o ressarcimento por sua utilização ocorrer de acordo com os parâmetros fixados pelo SUS".
Segundo alerta epidemiológico, publicado na segunda-feira, 4, da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) Amazônia - assinado pelo epidemiologista Jesem Orellana - a decisão judicial de fechamento do comércio, tomada no último sábado, 2, veio em momento tardio.
"Na realidade, nos próximos dias, as internações de pacientes graves e de mortes devem continuar acontecendo em níveis muito altos. Assim, os efeitos da referida determinação judicial só devem ter impacto mais evidente sobre internações de pacientes graves e mortes por COVID-19 daqui a algumas semanas. Mais do que isso, a referida determinação não resolve o problema, apenas serve para achatar a curva de contágio transitoriamente.
Procurada pela reportagem, a Secretaria de Estado de Saúde (SES-AM) afirma que vem trabalhando, desde outubro de 2020, o Plano de Contingência para o Recrudescimento da COVID-19 no período sazonal da Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG) no Amazonas.
"O plano foi dividido em cinco fases, com ações para ampliar o número de leitos clínicos e de Unidade de Terapia Intensiva (UTI) conforme crescimento da taxa de ocupação dos hospitais. A SES-AM reorganizou a rede estadual de saúde e alterou o perfil das unidades para atender pacientes acometidos pela covid-19."
Ainda segundo a SES, em dois meses, o governo do Amazonas aumentou em 141% a oferta de leitos exclusivos para covid-19 na rede estadual de saúde, saindo de 457 para os atuais 1.094 leitos. Na UTI, o aumento de leitos foi de 139,2%, saindo de 120 no início do plano, para os atuais 287.