O Instituto Butantan anunciou, nesta quinta-feira (7/1), à Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) que a vacina CoronaVac, feita em parceria com a farmacêutica chinesa Sinovac, tem uma eficácia de 78% em casos leves de COVID19 e 100% em casos graves. Mas, afinal, o que essa taxa de eficácia quer dizer e qual a importância disso para as pessoas que receberão o imunizante?
Originalmente, havia a previsão de que o governo de São Paulo divulgasse uma análise preliminar sobre a eficácia da vacina em 15 de dezembro, mas, ao chegar perto do prazo, concluíram que não tinham condições de fazer uma análise completa dos resultados.
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Os 78% de taxa de eficácia da CoronaVac significam que a cada grupo de 100 pessoas que recebem as duas doses da vacina, 78 estarão efetivamente imunizadas contra o novo vírus que assola o mundo.
Ainda de acordo com o governo e o instituto, a vacina garantiu a proteção total — 100% de eficácia — contra mortes, casos graves e internações nos voluntários vacinados que foram contaminados.
Ou seja, nenhum voluntário do grupo vacinal do estudo clínico da CoronaVac infectado morreu, desenvolveu formas graves da COVID-19 ou foi internado.
A pesquisa feita, no Brasil, pelo Butantan em parceria com 16 centros clínicos em sete estados e no Distrito Federal, observou 12 mil voluntários da área de saúde, em que metade recebeu doses da vacina e a outra um placebo — em que, por exemplo, injeções de soro fisiológico são ministradas com o intuito de produzir um efeito fisiológico positivo, mesmo que o soro não imunize contra a COVID-19, criando a ilusão de estarem protegidos.
Eles não sabem se receberam a vacina ou o placebo.
Percentual mínimo de 50%
A Organização Mundial da Saúde (OMS) recomenda percentual mínimo de 50% de eficácia para que um imunizante seja registrado nas agências de controle sanitário.
A vacina contra a gripe, por exemplo, tem uma taxa de eficácia de 60% a 70%.
Por isso, os especialistas ressaltam que quanto mais gente tomar a vacina, melhor. As pessoas imunizadas acabam agindo como uma "barreira", protegendo toda a população, mesmo aqueles que não são imunes. Esse conceito é conhecido como “imunidade de rebanho”.
Eficácia menor que as demais vacinas?
O índice de eficácia registrado pela vacina feita em parceria com a farmacêutica chinesa Sinovac é menor que os dos imunizantes desenvolvidos pelos laboratórios Pfizer e Moderna. Essas duas últimas, no entanto, utilizam uma tecnologia diferente da CoronaVac, chamado de “RNA mensageiro”, e alcançaram taxas de 95% e 94%, respectivamente.
A CoronaVac é produzida a partir do vírus inativado e pesquisadores já esperavam que ela apresentasse uma eficácia menor que as demais.
Os imunizantes feitos a partir do RNA conseguem entrar na célula e imitar, de forma muito mais efetiva, a infecção natural. Por isso, acabam produzindo uma resposta imune tanto de anticorpos, como uma resposta celular.
A vacina feita a partir do vírus inativado, entretanto, não consegue provocar uma resposta tão completa, mas esperada para o tipo de tecnologia.
A técnica utilizada na CoronaVac consiste em expor os vírus, em laboratório, ao calor e a produtos químicos, para que ele se torne incapaz de reproduzir.
Tal tecnologia é muito antiga, por isso os efeitos colaterais são amplamente difundidos e mínimos, além de possuir fácil armazenamento.
Enquanto a CoronaVac pode ser guardada em uma geladeira comum, entre 2 a 8 graus, a vacina da Moderna e a da Pfizer requerem ultrafreezers.
Vacina segura
O estudo concluiu que a vacina é segura ao apontar que nenhum efeito colateral grave foi identificado dentro de 28 dias e que respostas de anticorpos foram induzidas no mesmo período.
Os resultados da fase 1 e 2 com 743 pacientes foram publicados na revista científica do Reino Unido The Lancet.
O efeito colateral mais comum relatado foi dor no local da injeção. Além do Brasil, outros quatro países planejam usar ou já usam a CoronaVac. São eles: China, Indonésia, Turquia e Chile. Em 2020, a Turquia, inclusive, anunciou ter chegado ao percentual de 91,25% de eficácia da CoronaVac em testes preliminares feitos com 1,3 mil voluntários.