Antes do colapso da falta de oxigênio hospitalar em Manaus, o ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, havia dito em visita à capital amazonense que atenderia 100% da demanda do estado.
No último dia 11/01, primeiro dia de sua visita a Manaus,Pazuello afirmou, em apresentação do plano estratégico de enfrentamento à COVID-19 no Amazonas: “Temos um comando conjunto ativado em Manaus que tem capacidade de logística de apoiá-los em muitas demandas, e ele está sendo demandado e está cumprindo a sua missão. (...) Tudo o que me foi pedido, 100%, ou está sendo entregue ou já foi entregue, e nós podemos apoiar no que mais o estado e o município pedir”.
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Fornecedora vai importar oxigênio da Venezuela para ManausCOVID-19: Butantan frustra Plano B de vacinação dos municípiosManaus sem oxigênio: Pazuello visitou cidade para divulgar kit cloroquinaFamosos se mobilizam nas redes para doar respiradores para ManausBolsonaro diz que Brasil não está atrasado na vacinação e pede 'calma'A situação já vinha sendo alertada desde a última semana pelo governo estadual. No último dia 10/01, o governador Wilson Lima publicou uma mensagem no Instagram falando sobre a crise de oxigênio, apontando o aumento do consumo nas unidades de saúde. As empresas fornecedoras do produto essencial para manter os respiradores funcionando relataram não ter capacidade de produção para a demanda, que aumentou em mais de 11 vezes a média de consumo.
Na última terça-feira (12/01), em conversa com apoiadores, o presidente Jair Bolsonaro culpou os governos estadual e municipal por "deixar acabar" o oxigênio no Amazonas. Bolsonaro afirmou, inclusive, que o ministro Pazuello estava na região para "interferir" na situação.
"Mandamos ontem o nosso ministro da Saúde para lá. Estava um caos. Não faziam tratamento precoce. Aumentou assustadoramente o número de mortes. E mortes por asfixia, porque não tinha oxigênio. O governo estadual e municipal deixou acabar o oxigênio. É morrendo asfixiado. Imagina você morrendo afogado. Fomos para lá e ele interferiu", afirmou.
Demanda
Um dia antes do colapso, na última quarta (13/01), Pazuello disse que não seria possível vencer a demanda por oxigênio no estado. Ele pontuou que a empresa White Martins, fornecedora do insumo no estado, atendia com 50% da sua produção.
“O consumo era de 15 mil, 17 mil metros cúbicos de oxigênio gasoso por dia. Quanto é hoje no estado do Amazonas? 70 mil metros cúbicos por dia. Sem contar com os novos leitos que irão abrir. Nós estamos em Manaus. Não preciso contar para ninguém onde é, quanto tempo demora a balsa vinda de Belém. E assim o estado começou a fazer sua logística dentro do que podia, mas não tem como vencer uma demanda desse tamanho”, disse.
Pazuello afirmou que a fabricação da referida empresa estava impactada, e que era uma “luta” conseguir oxigênio líquido ou gasoso em qualquer lugar. Ele citou, então, as operações das Forças Armadas. “Estamos fazendo uma ponte aérea para trazer os tubos de oxigênio. Essa ponte aérea com aviões da FAB e aviões civis contratados para trazer tubos de oxigênio para Manaus”, relatou.
O ministro disse, ainda, que estava trabalhando com uma ponte fluvial e outra terrestre para levar oxigênio ao estado, além de adquirir 10 usinas geradoras por meio de requisição administrativa, que já era ideia do estado, mas o ministério assumiria para ter maior velocidade, segundo Pazuello.
"Tudo foi entregue"
Durante pronunciamento na quarta-feira (13/01), o chefe da pasta da Saúde garantiu que tudo que foi solicitado pelo estado do Amazonas, foi entregue. “Todos os monitores, todos os respiradores, todas as bombas de infusão, simplesmente tudo o que foi solicitado foi entregue, sem exceção. A logística disso tudo também está disponibilizada pelo ministério”, disse.
O Ministério da Defesa informou, ainda na quarta, que as Forças Armadas estão transportando, desde a última sexta-feira (8/01), cilindros de oxigênio a Manaus. A previsão total era de entregar 386 unidades até o próximo domingo (17/01).