A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) concedeu autorização excepcional para que a White Martins, empresa que fornece oxigênio para o Amazonas, produzisse a substância com grau de pureza 95%, abaixo dos 99% habituais. A permissão foi dada na tarde da quinta-feira, 14, quando a capital Manaus registrou falta do produto em vários hospitais, o que causou a morte de pacientes do coronavírus por asfixia.
A medida veio após um esforço conjunto de negociações entre a Procuradoria-Geral da República, o Ministério da Saúde, as Forças Armadas, além da Anvisa e da White Martins. Em nota, a PGR afirma que os primeiros carregamentos de oxigênio começaram a chegar em Manaus ainda na manhã desta sexta-feira, 15.
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Internações por covid-19 em Manaus dobram em menos de 15 diasCOVID-19: sem oxigênio, Manaus transfere 235 pacientes para outros estadosPolícia apreende 33 cilindros de oxigênio escondidos por empresa em ManausCarlos Bolsonaro posta vídeo de homem batendo panela com pênis de plásticoTransferência imediata de pacientes cabe ao governo federal, decide juízaManaus: governo pede ajuda dos estados para transferir 60 bebêsOutro carregamento com 4 mil metros cúbicos de oxigênio teria saído de Guarulhos, em São Paulo, na noite de quinta, com o apoio logístico das Forças Armadas. Em nota, a Anvisa confirmou que a autorização emergencial de oxigênio com 95% de pureza foi concedida para as unidades da rede estadual de Saúde do Amazonas pelo prazo de 180 dias, sob duas condições: que a pureza correta do produto fosse informada aos profissionais e serviços de saúde e que a distribuição cessasse "assim que a situação for normalizada".
Pesquisadora da Faculdade de Engenharia Química da Unicamp, Luisa Fernanda Rios Pinto explica que a taxa de pureza menor que a habitual não tem grandes efeitos negativos para a administração em humanos. "Normalmente, o oxigênio que respiramos já tem outros componentes, como o nitrogênio, que tiramos para deixá-lo mais puro. Na taxa de 95%, isso é tão minoritário que não vai influenciar muito na composição do que você está respirando."
Luisa explica que geralmente as produções de oxigênio hospitalar são feitas pela purificação do ar que a gente respira, composto geralmente por 21% de oxigênio e, em proporção majoritária, 78% de nitrogênio, além de outros gases. "O que essas empresas fazem é fracionar o ar que a gente respira nos componentes desses gases. Geralmente, o hospitalar é 99,5% de pureza, mas os outros 5% são constituídos pelos gases que respiramos, como nitrogênio, argônio e outros menores, como o carbônico."
A taxa de 95%, ela afirma, não chega a ser prejudicial. "Claro que não é tão puro, e tem essa impureza de 5%, mas são gases que a gente já respira e encontra na atmosfera", conclui.