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Estado de Minas

Mandetta: "Bolsonaro optou por solução política perversa"

Ex-ministro da Saúde pediu para ministro e presidente darem o exemplo na condução da pandemia do coronavírus no Brasil


15/01/2021 21:16 - atualizado 15/01/2021 21:46

Mandetta deixou o governo em abril do ano passado por divergências com Bolsonaro(foto: Marcelo Casal Jr/Agência Brasil)
Mandetta deixou o governo em abril do ano passado por divergências com Bolsonaro (foto: Marcelo Casal Jr/Agência Brasil)

O ex-ministro da Saúde, Luis Henrique Mandetta, disse que há um “componente de perversidade” no episódio que envolveu a falta de oxigênio nos hospitais de Manaus, no Amazonas. O ex-chefe da pasta afirmou que o governo de Jair Bolsonaro preferiu tomar atitudes erradas em vez de monitorar a falta de equipamentos nos centros de saúde.
 
“Os adjetivos (em relação à postura do governo) são muito abundantes. Tem gente que fala que é loucura, que é negacionismo, despreparo. Mas há um componente de perversidade nessa história. Você mandar um ministro e ele dizer que o problema é que não estão usando a cloroquina... Eu já pensei que iria ver muita coisa estranha nessa pandemia. Vemos colegas médicos fazendo apologia à pandemia, jornalistas fazendo distorção de estudos. Mas nunca pensei em ver um governo assumir posição dessas. É a falência total de qualquer tipo de sensibilidade com as pessoas”, afirmou Mandetta, em entrevista à Globo News nesta sexta-feira (15/1). 

O ex-ministro disse que sentiu comovido com a situação enfrentada pelos pacientes, a começar pelos recém-nascidos que precisam de UTI: “Estou muito abalado com os 60 bebês de UTI neo-Natal. Imaginem quantas lesões neurológicas e paralisias cerebrais vão sair desse episódio? E os pacientes que tiveram infarto nesse tempo? E os que precisaram de cirurgia de urgência? Quando ouvi um colega médico dizer que estavam abreviando sofrimento, é muito triste. A morte por asfixia é uma das mais cruéis que eu presenciei”.

Mandetta também disparou contra a falta de sensibilidade de Jair Bolsonaro e do atual ministro da Saúde, Eduardo Pazuello: "Loucura tem tratamento. E loucura você consegue tratar e medicar. É quando você tem conhecimento das consequências de sua ação. O maior patrimônio da nação é a vida dos cidadãos, é o que nos faz justificar ser uma nação. Todos os estudos recomendam um direcionamento e vemos sistematicamente um direcionamento perverso. Quer dizer, eu fico aqui, não faço e jogo a culpa no governador e no prefeito. Ou joga a culpa no ex-ministro. Mas continuo sentado na cadeira. Muito cuidado aos demais governadores. Que eles se organizem”.

"O Brasil tem milhares de sanitaristas, médicos e você sistematicamente faz no sentido contrário", completou Mandetta.


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