Brasília – Em meio ao caos gerado pela pandemia do novo coronavírus e o início da vacinação em todo o país, o ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, se irritou ontem ao ser questionado pela imprensa sobre suas contradições na recomendação de remédios não recomendados pela ciência contra a COVID-19. Pazuello afirmou durante coletiva de imprensa que o ministério recomenda o “atendimento precoce” e não o “tratamento precoce”. “Incentivamos que a pessoa doente procure imediatamente o posto de saúde, procure o médico, que faz o diagnóstico clínico. Isso é foro íntimo do paciente com o médico. O ministério não tem protocolos sobre isso. Atendimento é uma coisa, tratamento é outra. O atendimento precoce, é esse o nosso objetivo”, afirmou Pazuello durante entrevista.
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O Brasil registrou 452 novas mortes por COVID nas últimas 24 horas, elevando o total de óbitos pela doença a 210.299 segundo o Ministério da Saúde. Houve também 23.671 casos do novo coronavírus. Com isso, o país registra um total de 8.511.770 infectados.
INTIMAÇÃO
O ministro Ricardo Lewandowski, do Supremo Tribunal Federal (STF), intimou o ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, e o advogado-geral da União, José Levi Mello do Amaral Júnior, a apresentarem à corte a atualização do Plano Nacional de imunização contra a COVID-19, inclusive com cronograma correspondente às distintas fases da vacinação. O despacho foi proferido ontem, um dia após a Agência Nacional de Vigilância Sanitária autorizar o uso emergencial da Coronavac e da vacina desenvolvida pela Universidade de Oxford e a farmacêutica AstraZeneca.
Em dezembro, também por determinação de Lewandowski, o governo apresentou o Plano Nacional de Vacinação contra a COVID-19, mas sem prever o início da data da aplicação das doses. Na ocasião, o ministro do STF chegou a cobrar esclarecimentos sobre o cronograma do plano de imunização contra o novo coronavírus.