A diretoria colegiada da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) aprovou nesta sexta-feira (22/01), por unanimidade, o uso emergencial de mais de 4,8 milhões de doses da vacina Coronavac, produzida pelo laboratório Sinovac em parceria com o Instituto Butantan.
Este novo pedido de autorização é para o uso emergencial de todas as doses envasadas pelo Butantan. Isso porque o instituto tem esses 4,8 milhões de doses já prontos. Estas unidades precisaram de uma avaliação à parte por terem sido envasadas e rotuladas no Brasil.
No início da semana, o diretor do Butantan, Dimas Covas, ao falar sobre o novo pedido de uso emergencial, afirmou que, se fosse aprovado, valeria para o restante das vacinas produzidas pelo Butantan. O instituto paulista assinou com o laboratório chinês Sinovac um acordo de transferência de tecnologia, em setembro do ano passado, o que permite que a CoronaVac seja produzida no Brasil pelo Butantan.
“Entramos com o pedido de uso emergencial, agora, para todas as doses que serão produzidas pelo Butantan. A primeira parte de 4,8 milhões, já em disponibilidade, à medida que for feita essa segunda autorização. Uma vez aprovada, a produção do Butantan será feita de acordo com essa autorização e não haverá necessidade de todo lote ser requisitado”, explicou o diretor.
Um primeiro lote com 6 milhões de doses da Coronavac havia sido liberado para aplicação emergencial no último domingo (17/01).
Coronavac
A Coronavac é a vacina desenvolvida pelo Instituto Butantan em parceria com a farmacêutica chinesa Sinovac. A vacina “brasileira” apresenta 78% de eficácia na prevenção de casos leves da doença causada pelo coronavírus. Essa eficácia aumenta para 100% para casos graves e moderados.
A vacina do Butantan é a grande responsável pela “guerra política” entre o governador de São Paulo, João Doria (PSDB), e o presidente Bolsonaro. Entre as tentativas de Doria para garantir de imediato a aquisição de milhões de doses e o negacionismo de Bolsonaro pondo em dúvida a origem do produto - a China, país comunista - e eficácia da imunização, o imunizante acabou ganhando os holofotes no Brasil.
Dois dos principais nomes para as eleições de 2022, Bolsonaro e Doria trocaram diversas farpas sobre o assunto. O presidente chegou até mesmo a chamar o governador de “médico do Brasil” e ainda comemorou a morte de um dos pacientes do estudo, o que fez a pesquisa ser paralisada por algum tempo.
Em outubro de 2020, o ministro da Saúde anunciou, em uma reunião com mais de 23 governadores, a compra do imunizante chinês. Menos de 24 horas depois, a aquisição foi desautorizada pelo presidente em live feita pelo Instagram. Na época, o anúncio gerou polêmica entre os governadores polarizando ainda mais a guerra política entre o governador paulista e o presidente.
Agora, a vacina está sendo usada para imunizar os profissionais da Saúde em todos os estados brasileiros.
*Estagiária sob supervisão da eitora-assistente Vera Schmitz