Em reunião da diretoria colegiada da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) que decidiu pela aprovação do uso emergencial de mais 4,8 milhões de doses da CoronaVac, diretores e técnicos da entidade voltaram a frisar a inexistência de um medicamento com comprovação científica para combater a COVID-19 – ao contrário do que defende o presidente Jair Bolsonaro e colaboradores.
A ausência de tratamento terapêutico específico para a doença foi, inclusive, usada como uma das justificativas para liberar o uso em caráter extraordinário e temporário da vacina.
"Mesmo em um cenário de incerteza, uma vacina contra a COVID-19 segura, capaz de prevenir e reduzir mortalidade e morbidade causada por essa doença, pode ser autorizada para uso emergencial, em especial pelo contexto desta pandemia, onde há poucos tratamentos de suportes disponíveis e não há medicamentos registrados na Anvisa com indicações específicas para o tratamento", pontuou a relatora do processo e diretora responsável pela área de imunizantes, Meiruze Freitas.
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Barra Torres ainda frisou que os pareceres da agência não cedem a pressões "de qualquer maneira", nem estão empacados por burocracias.
"A pressão é uma só: temos que contribuir para assegurar a saúde dos nossos cidadãos, fazer boas entregas e fazer no menor tempo possível. Essa sempre foi e é a única e maior motivação", comentou.