Durante suas três primeiras semanas como prefeito de Manaus, David Almeida contabilizou mais de 1.200 mortos pela COVID-19. "Estamos em guerra", afirma, alertando que, sem medidas de isolamento, rejeitadas por boa parte da população, a situação seria "muito pior".
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Membro do partido Avante e prefeito desde 1º de janeiro, Almeida revelou dormir três a quatro horas por noite e que sua mãe faleceu de COVID-19 no mesmo dia em que ele venceu a eleição municipal, em novembro do ano passado.
O Amazonas se tornou nesta semana o estado brasileiro com a maior proporção de óbitos por covid-19 habitantes). Uma variante mais contagiosa do vírus, detectada na região, explicaria em parte o fortalecimento da doença.
Mais de 126.000 pessoas morreram por COVID-19 no Brasil, um balanço só superado pelos Estados Unidos.
O que levou à explosão de casos de COVID-19 em Manaus?
"Eu ainda não era prefeito no final do ano passado e o governador do estado (Wilson Lima) publicou um decreto pedindo a restrição de circulação e fechando o comércio. Naquele momento foi feito um movimento de uma insurgência civil motivada também por questões políticas, e se flexibilizou (a medida). Nós estamos pagando um preço da desobediência lá atrás, quando os cientistas mandaram fechar e não foi fechado. As aglomerações de fim de ano colaboraram para esse impacto que estamos tendo."
O senhor é a favor do confinamento na cidade?
"Precisamos tomar as medidas de restrição de circulação. É um momento de guerra, é momento de todos darem suas contribuições, porque já mostrou que não tem condições de atender todo o pessoal. Se nos não diminuirmos a propagação do vírus, esse número só vai crescer. É preocupante."
Qual é o cenário que as autoridades preveem?
"A propagação do vírus, um número crescente de internações sem as condições de atendimento necessárias na meia e alta complexidade. Isso tudo pode agravar ainda mais a situação. É guerra, estamos em guerra e, neste momento, nossa arma é o distanciamento."
Que medidas serão tomadas?
"Vou acatar o que for determinado pelo governo do estado (...) Eu me reuni nessa semana (com funcionários da área científica) e o que se avizinha para Manaus, se não forem tomadas essas medidas, é algo bem pior do que esta acontecendo."
-Como o estado chegou a esta situação?
"Por nossa logística. Nós somos isolados do resto do Brasil, temos a maior floresta do mundo. Nós somos os maiores preservadores do mundo, era para servir a nosso favor, mas é uma punição para quem preserva. O isolamento contribuiu fundamentalmente."
-Como o senhor se sente após 22 dias no cargo?
"Me sinto... (pausa) com uma responsabilidade de poder dar as respostas que a população requer. A saída será a vacina (...) Como não temos muitas vacinas, o que se requer é a contribuição de todos para que possamos diminuir o contágio."
-O senhor cogitou entregar o cargo?
"Não. É um desafio que a população confiou a mim, uma responsabilidade que eu quero cumprir até o último dia do meu mandato."