O vice-presidente Hamilton Mourão afirmou nesta terça-feira que concorda com a compra de vacinas por empresas privadas, ação que chamou de uma "iniciativa coerente". Questionado, ele disse que julga que a compra dos imunizantes por empresas não atrapalha o Plano Nacional de Imunização (PNI).
Conforme mostrou na segunda-feira o jornal O Estado de S. Paulo, representantes da iniciativa privada articulam a compra de imunizantes, mas esbarram na discordância entre empresas sobre o modelo a ser adotado para distribuição.
Uma carta que circulou entre líderes de associações de diferentes setores indicou que existiria um lote de 33 milhões de vacinas da Oxford/AstraZeneca disponível para compra, da Inglaterra, com a obrigação de aquisição de pelo menos 11 milhões de doses de uma só vez.
"Eu acho que é uma iniciativa coerente dentro do que já haviam propugnando por isso, comprariam uma quantidade X aí, metade seria destinada ao Sistema Único de Saúde e a outra metade faria o adiantamento da vacinação dessas empresas, que isso fortalece a nossa economia", disse Mourão na chegada à sede da Vice-Presidência na manhã desta terça.
O vice-presidente citou fala do ministro da Economia, Paulo Guedes, sobre a necessidade de vacinação em massa para retomar a economia. "Como bem falou o ministro Paulo Guedes ontem, a vacinação em massa (é) que vai permitir que a gente volte à atividade normal", disse.
Mais cedo, em evento virtual do banco Credit Suisse, o presidente Jair Bolsonaro também defendeu a compra de vacinação por grupos de empresários, desde que "a custo zero" para o governo. Ao lado de Bolsonaro, Guedes foi favorável à compra dos imunizantes por empresas com a inclusão de uma parte para o governo. "Para cada funcionário que vacinar, tem que entregar uma para o Sistema Único de Saúde (SUS)", disse o ministro.
Apesar das sinalizações favoráveis do governo para que empresas negociem os imunizantes, a AstraZeneca afirmou nesta terça que, no momento, não tem doses disponíveis de vacina contra covid-19 para o mercado privado, pois todas as doses atualmente estão contratadas por meio de acordos firmados com governos e organizações multilaterais ao redor do mundo, incluindo da Covax Facility.
Na conversa com jornalistas nesta terça-feira, Mourão justificou que empresas privadas são mais flexíveis para fazer compras e podem negociar adiantamentos, diferentemente do governo. "Uma empresa privada tem muito mais flexibilidade do que um governo para fazer compras. Essa é a realidade", disse.
O vice-presidente acrescentou, contudo, que o governo vem adquirindo as vacinas necessárias e voltou a dizer que a compra dos imunizantes é uma dificuldade em nível global. "É todo mundo correndo atrás e faltando. Nós estamos conseguindo (comprar vacinas) dentro das nossas possibilidades e dentro dos acordos que foram feitos. Vamos acreditar", afirmou.