Na manhã desta sexta-feira (05/02), o ex-ministro da Saúde, José Gomes Temporão, criticou a forma como o governo federal tem lidado com a aquisição de vacinas. O médico sanitarista alertou que o número de pessoas imunizadas no Brasil até o momento, cerca de 3 milhões, segundo o Ministério da Saúde, é muito pouco.
Temporão foi questionado sobre uma medida provisória aprovada pelo Senado nessa quinta-feira (04/02), que agiliza a autorização emergencial para o uso de novas vacinas no Brasil. Ele disse que é necessário ter o máximo de vacinas disponíveis para a população brasileira, mas por outro lado não se pode “fragilizar” a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).
“Nós estamos em um momento de extrema importância e muito delicado. A média móvel de óbitos é muito alta e nós sabemos que a única maneira de enfrentar, reduzir drasticamente esses números é conseguir uma grande cobertura na população em termos de vacinas”, explicou.
“A nossa grande barreira agora é o acesso às vacinas. Essa medida provisória, que ainda falta a aprovação do Presidente da República, em tese é boa. Tem um problema: você está dando 5 dias para a Anvisa. Neste momento, não se pode fragilizar o papel da anvisa que é uma das agências reguladoras mais respeitadas do mundo”, continua.
“Por outro lado, a possibilidade de que nós pudéssemos incluir no portfólio de vacinas disponíveis imediatamente, outras vacinas além da CoronaVac, do Instituto Butantan e da Astrazeneca da Fiocruz é extremamente importante”, ressalta.
Em seguida, ele explica sobre o lado da agência reguladora: “Se de um lado é importante ampliar outras vacinas para a população brasileira, de outro é fragilizar a Anvisa e dizer que é obrigatório aceitar tudo que é registrado fora e isso é ruim, temos que buscar um equilíbrio”, destaca.
“O Brasil precisa urgentemente ampliar o número de doses colocadas à disposição da população brasileira. 3 milhões de pessoas vacinadas em duas semanas é muito pouco”, finaliza.
José Gomes Temporão é médico sanitarista, que integrou o cargo-chefe do Ministério da Saúde durante o segundo mandato do governo Lula, entre março de 2007 e janeiro de 2011.
*Estagiária sob supervisão do subeditor Frederico Teixeira