Jornal Estado de Minas

COVID-19

'Me sinto aliviada', diz brasileira resgatada em Wuhan, um ano depois

Há cerca de um ano, a pandemia do novo coronavírus estava apenas começando. Os riscos eram ainda desconhecidos, e o isolamento social não tinha começado no Brasil. Enquanto os brasileiros saíam para comemorar o início do carnaval, uma cidade na China já era considerada epicentro da doença. Centro comercial dividido pelos rios Yangtze e Han, Wuhan sempre foi conhecida pelos seus pontos turísticos, até que em meados de fevereiro de 2020, a COVID-19 marcou a história da capital da província da China Central.



Lá, 34 brasileiros aguardavam com angústia o resgate. Isolados do mundo e correndo risco de morte, essas pessoas foram trazidas de volta ao Brasil dentro da Operação Regresso à Pátria Amada Brasil, realizada pela Força Aérea Brasileira (FAB).

Para realizar o resgate, duas aeronaves VC-2, utilizadas para o transporte presidencial, saíram da base aérea de Anápolis, Goiás, com destino a Wuhan. Os aviões carregavam 11 tripulantes e seis profissionais de saúde da FAB, além de um médico do Ministério da Saúde.

A modelo Adrielly Eger, de 19 anos, foi uma das resgatadas na missão que colocou a Força Aérea Brasileira nos holofotes.

Em conversa com o Estado de Minas, ela conta como foi ver o início da pandemia do novo coronavírus, que já matou mais de 2 milhões de pessoas em todo o mundo.



A jovem foi até a cidade chinesa para realizar seu primeiro contrato internacional. Segundo o acordo, ela ficaria na China por três meses até seguir para o Vietnã. Apesar do combinado, Adrielly, que é paranaense, acabou levando um susto quando se deparou com as fronteiras fechadas e lockdown.

“Eu não sabia que morava tão perto do marco zero, onde tudo começou. Fiquei sabendo disso no dia em que fui repatriada. Fiquei apavorada. Ouvíamos ambulâncias o dia todo. Éramos proibidos de sair nas ruas”, conta.

Ela diz que, ao descobrir a pandemia, sentiu muito medo, pois ninguém ainda sabia lidar com a doença: “Chegamos a ter um decreto para fechar as janelas e portas. As autoridades achavam que o vírus contaminava o ambiente”.





 

 

 

Resgate à Pátria Amada


Para a operação funcionar foi necessário que os dois aviões cedidos pela presidência fizessem quatro paradas para abastecimento. Primeiro em Fortaleza, seguido de Las Palmas (Espanha), Varsóvia (Polônia) e Urumqi (China).

Foram ao todo 47 horas de voo e gastos, segundo o Ministério da Defesa, cerca de R$ 11,2 milhões para o resgate.

Segundo informações disponíveis no portal da FAB, vários ministérios se mobilizaram para repatriar os brasileiros que estavam em Wuhan, assim como seus cônjuges chineses.

A Operação Regresso enviou 24 pessoas – entre tripulantes, médicos e jornalistas – para buscar os repatriados. No total, 34 pessoas que estavam no epicentro do contágio foram resgatadas e levadas para a Base Aérea de Anápolis.



As 58 pessoas que fizeram a viagem completa a bordo das duas aeronaves da FAB ficaram de quarentena de 9 de fevereiro, quando o avião pousou em Goiânia, até o dia 27 do mesmo mês.

“Eu me senti muito aliviada na volta, sabia que estava voltando para meu país, para minha família. Depois de todo aquele medo, era tudo que eu precisava”, afirma Adrielly.

Segundo ela, todos foram muito bem recebidos: “Depois de passar por tanta dificuldade, tanto medo, foi bem melhor do que imaginei. Serei eternamente grata por tudo que fizeram por mim. A quarentena em Wuhan era perturbadora. Uma vez, eu e as outras meninas que estavam comigo chegamos a ficar sem comida. Sozinhas em um país estranho, nós passamos os dias sem ter certeza de quando poderíamos nos alimentar. Em Anápolis foi totalmente ao contrário. Não tive nenhuma preocupação em nenhum momento, porque quando cheguei ao Brasil, me senti em paz”.

“Seja bem-vinda de volta ao Brasil”


Durante a quarentena, os brasileiros isolados em Anápolis passaram por diversas experiências culturais. Entre elas, apresentações de dança e shows de música.



Adrielly conta que durante um desses eventos, uma mulher chamou atenção e se destacou da multidão: “Ela me olhava bem nos olhos, de uma forma que parecia que ela dizia que ia ficar tudo bem. Eu me emocionei diversas vezes. Acredito que o momento mais marcante foi ouvir ‘seja bem-vinda de volta’. Chorei muito, fiquei muito abalada emocionalmente. Quando participamos desses eventos, era uma forma de sermos acolhidos. Era tudo muito emocionante.

A modelo também contou para a reportagem como foi se reencontrar com a família. Ela relata que após viver dias infernais, ver a família foi “muito forte”.

“Cada um sofreu ali comigo. Encontrá-los de braços abertos, me esperando… foi muito forte. Eles me deram muito apoio. Me contaram que até mesmo durante as refeições lembravam de mim, porque sabiam que eu não tinha comida em Wuhan. Até hoje, quando assisto ao vídeo da volta, eu choro e lembro exatamente como me senti naquele dia.”

Curso de maquiagem


A jovem conta que depois que chegou ao Brasil acabou tendo a carreira prejudicada pela pandemia do novo coronavírus. A modelo, que estava dando os primeiros passos na carreira, acabou tendo seu futuro estagnado.



O trabalho como modelo ficou comprometido por causa da pandemia, mas Adrielly se diz feliz por estar perto da família (foto: Adrielly Eger/Arquivo Pessoal)
“Posso dizer que sinto que estou sem rumo no momento. Minha carreira estagnou pelo fato de não poder viajar. Então, por isso, estou fazendo um curso de maquiagem e morando com minha família. Apesar de tudo, me sinto muito feliz por estar aqui e não me arrependo da escolha que fiz de voltar.”

Adrielly explica que, após a comoção nacional pelo resgate dos brasileiros, muitas pessoas começaram a segui-la no Instagram e a acompanhar a vida dela.

“Foi uma surpresa a história repercutir de forma que aconteceu. Eu não esperava. Muita gente me mandou mensagem de carinho, de amor. Sou muito grata por todos os brasileiros que proporcionaram isso para mim e para os outros passageiros”, comenta.

Um ano depois Um ano após o registro dos primeiros casos de COVID-19 na cidade de Wuhan, epicentro da pandemia do novo coronavírus, as medidas de proteção contra o vírus se tornaram apenas uma lembrança.

Isso porque nenhum caso de contágio local foi reportado desde meados de maio.



Wuhan foi responsável pela maior parte das mais de 4 mil mortes na China por COVID-19, um número que permaneceu praticamente estático por meses.

Elogiada por cientistas e aplaudida pela população mundial, a cidade agora vive dias normais. Até mesmo o uso de máscara foi diminuído. 

 

Resgate à Pátria Amada


Para a operação funcionar foi necessário que os dois aviões cedidos pela presidência fizessem quatro paradas para abastecimento. Primeiro em Fortaleza, seguido de Las Palmas (Espanha), Varsóvia (Polônia) e Urumqi (China).

Foram ao todo 47 horas de voo e gastos, segundo o Ministério da Defesa, cerca de R$ 11,2 milhões para o resgate.

Segundo informações disponíveis no portal da FAB, vários ministérios se mobilizaram para repatriar os brasileiros que estavam em Wuhan, assim como seus cônjuges chineses.

A Operação Regresso enviou 24 pessoas – entre tripulantes, médicos e jornalistas – para buscar os repatriados. No total, 34 pessoas que estavam no epicentro do contágio foram resgatadas e levadas para a Base Aérea de Anápolis.



As 58 pessoas que fizeram a viagem completa a bordo das duas aeronaves da FAB ficaram de quarentena de 9 de fevereiro, quando o avião pousou em Goiânia, até o dia 27 do mesmo mês.

“Eu me senti muito aliviada na volta, sabia que estava voltando para meu país, para minha família. Depois de todo aquele medo, era tudo que eu precisava”, afirma Adrielly.

Segundo ela, todos foram muito bem recebidos: “Depois de passar por tanta dificuldade, tanto medo, foi bem melhor do que imaginei. Serei eternamente grata por tudo que fizeram por mim. A quarentena em Wuhan era perturbadora. Uma vez, eu e as outras meninas que estavam comigo chegamos a ficar sem comida. Sozinhas em um país estranho, nós passamos os dias sem ter certeza de quando poderíamos nos alimentar. Em Anápolis foi totalmente ao contrário. Não tive nenhuma preocupação em nenhum momento, porque quando cheguei ao Brasil, me senti em paz”.

“Seja bem-vinda de volta ao Brasil”


Durante a quarentena, os brasileiros isolados em Anápolis passaram por diversas experiências culturais. Entre elas, apresentações de dança e shows de música.



Adrielly conta que durante um desses eventos, uma mulher chamou atenção e se destacou da multidão: “Ela me olhava bem nos olhos, de uma forma que parecia que ela dizia que ia ficar tudo bem. Eu me emocionei diversas vezes. Acredito que o momento mais marcante foi ouvir ‘seja bem-vinda de volta’. Chorei muito, fiquei muito abalada emocionalmente. Quando participamos desses eventos, era uma forma de sermos acolhidos. Era tudo muito emocionante.

A modelo também contou para a reportagem como foi se reencontrar com a família. Ela relata que após viver dias infernais, ver a família foi “muito forte”.

“Cada um sofreu ali comigo. Encontrá-los de braços abertos, me esperando… foi muito forte. Eles me deram muito apoio. Me contaram que até mesmo durante as refeições lembravam de mim, porque sabiam que eu não tinha comida em Wuhan. Até hoje, quando assisto ao vídeo da volta, eu choro e lembro exatamente como me senti naquele dia.”

Curso de maquiagem


A jovem conta que depois que chegou ao Brasil acabou tendo a carreira prejudicada pela pandemia do novo coronavírus. A modelo, que estava dando os primeiros passos na carreira, acabou tendo seu futuro estagnado.



O trabalho como modelo ficou comprometido por causa da pandemia, mas Adrielly se diz feliz por estar perto da família (foto: Adrielly Eger/Arquivo Pessoal)
“Posso dizer que sinto que estou sem rumo no momento. Minha carreira estagnou pelo fato de não poder viajar. Então, por isso, estou fazendo um curso de maquiagem e morando com minha família. Apesar de tudo, me sinto muito feliz por estar aqui e não me arrependo da escolha que fiz de voltar.”

Adrielly explica que, após a comoção nacional pelo resgate dos brasileiros, muitas pessoas começaram a segui-la no Instagram e a acompanhar a vida dela.

“Foi uma surpresa a história repercutir de forma que aconteceu. Eu não esperava. Muita gente me mandou mensagem de carinho, de amor. Sou muito grata por todos os brasileiros que proporcionaram isso para mim e para os outros passageiros”, comenta.

Um ano depois Um ano após o registro dos primeiros casos de COVID-19 na cidade de Wuhan, epicentro da pandemia do novo coronavírus, as medidas de proteção contra o vírus se tornaram apenas uma lembrança.

Isso porque nenhum caso de contágio local foi reportado desde meados de maio.

Wuhan foi responsável pela maior parte das mais de 4 mil mortes na China por COVID-19, um número que permaneceu praticamente estático por meses.

Elogiada por cientistas e aplaudida pela população mundial, a cidade agora vive dias normais. Até mesmo o uso de máscara foi diminuído.

*Estagiária sob supervisão da subeditora Kelen Cristina



audima